Mandos é um Vala, o guardião das Casas dos Mortos e aquele que convoca os espíritos dos que foram assassinados. Seu nome verdadeiro é Námo, que significa “juiz”, mas ele é chamado de Mandos em honra ao local onde mora. Ele nunca se esquece de nada e conhece tudo que está por vir, com exceção do que ainda não foi definido por Ilúvatar. Por isso mesmo, ele é o oráculo dos Valar, mas só se pronuncia em obediência a Manwë. Tem dois irmãos, Lórien e Nienna. Ele e Lórien são os fëanturi, senhores dos espíritos. Sua esposa é Vairë, a Tecelã, que cobre as paredes dos palácios de Mandos com suas tapeçarias.
No início dos tempos, os Valar estavam preocupados com o domínio de Melkor sobre Arda e discutiam a possibilidade de se levantarem em batalha contra ele para manter a terra segura, esperando pela chegada dos filhos de Ilúvatar. Porém, Mandos se pronunciou a pedido de Manwë e lhes revelou que ainda não era a hora dos primogênitos. Além disso, eles deveriam despertar em meio às trevas e contemplar primeiro as estrelas. Assim, Varda iniciou a criação de novas estrelas e constelações e, ao fim de seu árduo trabalho, os elfos passaram a andar sobre a Terra-Média.
Sabendo de seu despertar, os Valar finalmente travaram uma batalha contra Melkor e o levaram a julgamento. Ele implorou perdão a Manwë, mas suas súplicas não foram atendidas e ele foi enviado para a prisão da fortaleza de Mandos de onde nem elfo, nem homem, nem Vala poderia escapar. A prisão foi erguida a oeste de Valinor e sua construção era fortificada. Melkor foi condenado a passar ali três longas eras, até que um novo julgamento fosse feito.
Ao final das três eras, Melkor mais uma vez se ajoelhou diante de Manwë, que lhe concedeu o perdão. Ele passou a viver em Valinor e sua cobiça aumentou quando ele se deparou com as Silmarils, pedras criadas por Fëanor. Mandos já havia previsto que os destinos de Arda, do mar, da terra e do ar estavam ligados a elas. Como Melkor as deseja e odiava os elfos acima de tudo, ele começou a criar intrigas entre os Noldor. Fëanor era o seu alvo principal e, através de rumores, Melkor plantou o orgulho e o ciúme em seu coração. Ele passou a acreditar que seu irmão mais novo, Fingolfin, desejava usurpar a sua liderança e chegou ao ponto de ameaçá-lo com uma espada diante de seu pai, Finwë. Os Valar a tudo isso assistiam e não puderam deixar esse ato passar sem uma resposta. Fëanor foi convocado a se apresentar diante deles e, dessa maneira, eles descobriram que a verdadeira raiz do problema estava em Melkor. Ainda assim, Fëanor foi longe demais e Mandos o condenou a permanecer exilado por doze anos, para pensar no que havia feito.
Quando Melkor voltou a Valinor e fugiu com as Silmarils, Mandos sabia antes de todos da morte de Finwë. E durante a travessia dos Noldor para a Terra-Média, ele foi o mensageiro de Manwë. Os Eldar teriam se deparado com sua figura escura parada no alto de um rochedo. Sua voz era alta, solene e profunda quando ordenou que parassem e pronunciou a maldição e profecia conhecida como Condenação dos Noldor. Aqueles que seguissem Fëanor derramariam lágrimas incontáveis e não poderiam mais voltar a Valinor, ficando tão isolados que os Valar não mais ouviriam suas lamentações. Do juramento da casa de Fëanor resultaria a traição de irmão para irmão, eles perderiam tudo aquilo que possuíam, passariam a ser chamados de Os Espoliados e as obras que iniciassem com êxito terminariam em desastre. E embora Eru tenha determinado que eles fossem imortais, ainda assim poderiam morrer assassinados, e assim seria. Morreriam pelas armas ou pelo tormento e seus espíritos seguiriam para Mandos, onde não encontrariam a compaixão, nem mesmo se aqueles a quem haviam feito mal implorassem pelo seu perdão. Finarfin temeu suas palavras e, em sua tristeza por aqueles que haviam sido mortos no caminho, retornou a Valinor. O destino de Fëanor, porém, já estava traçado e em breve ele se encontraria com Mandos.
É certo que os espíritos dos elfos seguem para os palácios de Mandos após sua morte, e de lá eles poderiam retornar a Arda, se quisessem. Porém, poucos sabem o que realmente acontece com os homens no momento de sua morte. Acredita-se que eles também seguem para Mandos, mas aguardam em um lugar separado até deixarem definitivamente o mundo. Assim, quando Beren morreu após retirar uma das Silmarils da coroa de Melkor, seu espírito se demorou em Mandos esperando por sua amada Lúthien. Em pouco tempo ela o seguiu na morte, porém foi enviada para os salões destinados aos elfos. Como desejava encontrar uma última vez com Beren, ela se ajoelhou diante de Mandos e cantou para ele a canção mais triste já criada. Suas lágrimas caíam aos pés do Vala e, pela primeira vez, ele se deixou comover. Assim, Mandos permitiu o reencontro dos dois e, como não tinha o poder de mudar o destino dos filhos de Ilúvatar, levou o caso a Manwë. Entre as opções que lhe foram dadas, Lúthien escolheu ser mortal e voltar para Arda, deixando os salões de Mandos ao lado de Beren.
Sem dúvida Mandos carrega uma carga pesada demais. A ele foram confiados segredos que só pertenciam a Ilúvatar e, mesmo sabendo de uma boa parte do destino de Arda, ele devia se manter calado e deixar que o mundo seguisse o seu rumo. Apesar de tudo, ele nunca foi cruel ou vingativo porque assim o desejava, e sim porque precisava seguir os desígnios de Ilúvatar. Sua aparência séria e profunda é um claro reflexo de seus pensamentos.