A condição depravada do pecador não quer significar que homem nenhum pratica boas obras. Os homens não regenerados são verdadeiramente capazes de fazer tanta religião quanto os fariseus que dizimaram até as mínimas coisas para com Deus (Mat. 23:23; Luc 11:42). Todavia, todas as boas obras que o pecador faz é somente para dar "fruto para si mesmo" (Oséias 10:1) e não para a glória de Deus. O homem pode se ocupar esforçadamente no guardar dos mandamentos, ser sincero para com tudo que é religioso e ser generoso nas obras da caridade (Mar 10:17-20, "tudo isso guardei desde a minha mocidade"). Todavia, a sua condição depravada faz que nada disso se torna a ser agradável a Deus (Isa 64:6; Rom. 8:7,8).
A condição terrível de pecador não quer insinuar que todos os homens revelam todo o pecado que podem manifestar. Há os que rejeitem Cristo que jejuam duas vezes na semana (Luc 18:12). Há os pecadores que Deus nunca conheceu mas dizem "Senhor, Senhor!" e profetizam no nome do Senhor Jesus (Mat. 7:22). Existe os outros pecadores que escarnecem do Santo (Mar 15:29-31) ou são malfeitores (Luc 23:41). Comparando pecador com pecador alguns parecem mais refinados e outros mais bárbaros. Todavia todo o homem é pecador e qualquer pecado merece a separação eterna da presença de Deus (Ezequiel 18:20; Rom. 6:23; Tiago 2:10). "A manifestação do pecado aumenta a medida que os pensamentos ímpios são guardados, os hábitos imorais são praticados e os ensinamentos da verdade são ignorados" (Rom. 1: 28; Boyce, p. 245).
A condição detestável e completa do homem pecador também não minimiza a responsabilidade do pecador para com Deus. Todo homem é responsável para com Deus porque a sua incapacidade não veio por uma imposição ou causa divina mas porquê ele mesmo voluntariamente pecou e trouxe sobre si a condenação divina (Gên. 2:17; 3:6,17). Todo o homem deve ocupar-se em não pecar e deve preocupar-se em agradar o seu Criador e juiz. Essas ocupações são exigidas por sua condição de ser a criatura e por Deus ser o Criador (Ecl. 12:13). Alguns podem duvidar se somos responsáveis pessoalmente por termos uma natureza pecaminosa vindo de Adão (Rom. 5:12), mas, de fato, somos responsáveis pela expressão dela (Ezequiel 18:20; I João 2:16; 3:4). A responsabilidade para com Deus é entendida em que não somos forçados a pecar mas pecamos pela ação da nossa própria vontade (Gên. 3:6,17; João 5:40). Não é a incapacidade de obedecer tudo que nos separa de Deus mas os próprios pecados do homem que fazem a separação dele de Deus (Isa 59:1-3; Efés. 1:18). A incapacidade natural (Rom. 3:23) e moral (Tito 1:15) nunca descarta a responsabilidade particular de nenhum a não pecar. Qual cidadão racional escusa o homicídio culposo pela razão de ser praticado quando bêbedo; ou desculpa um crime por ser praticado por um desequilibrado pela raiva; ou justifica os crimes por serem simplesmente pela paixão, etc.? A bebida, a ira e a paixão podem levar o homem a agir irracionalmente, mas é ele que bebe descontrolado, se ira e deixa-se a ser levado pela paixão. Por isso o homem é responsável pelas suas ações quando nestas condições se encontra. O fato que o homem deve se arrepender (Mat. 3:2; Atos 17:30) revela que Deus sabe que o homem é responsável a responder positivamente a Ele. O primeiro homicídio foi castigado (Gên. 4:11) como todos os pecados serão (Apoc 20:11-15), convencendo todos, com isso, que a expressão do pecado é da responsabilidade daquele que comete tal ação (Ezequiel 18:20; Rom. 3:23; 5:12). Não obstante a sua responsabilidade de amar a Deus de todo o coração e de se arrepender pelo pecado cometido, o homem natural, o primeiro Adão, é tão desfeito pelo pecado que não pode fazer, com seu próprio poder, o que ele sabe que deve fazer para agradar a Deus (Rom. 8:7; II Cor 2:14). Mas, mesmo sendo incapaz, ele é, completa e universalmente responsável pela obediência da Palavra de Deus em tudo (Ecl. 12:13, "o dever de todo o homem").
Continua...