Do meu caminho
entendo eu.
Meu norte traço
a bico de pena
e no vôo das águias
que ao pôr-do-sol
descambam
nos azuis do mar
ao anoitecer.
Sigo minha estrada
de asperezas,
tentando afastar
as rochas brutas
das incertezas
enquanto pântanos
traiçoeiros
me acenam
seus perigos.
Só nuvens guiam
meu trajeto
e nele me perco
de quando em vez,
pois sou humana.
Aqui e ali faço crescer
umas tímidas violetas
cor de Sexta-feira Santa,
incertas na beleza,
quase mortas,
ainda assim,
flores.
Às vezes planto rosas,
que em rubro esplendor
explodem
qual sóis fugazes
para depois morrerem
mais como pesares
do que como alegrias
desabrochadas
em campos de esperança.
Trago comigo
uma bússola
que só eu conheço,
e com ela persigo
as veredas
do destino.
Mesmo assim sou traída
pelos sentidos
e afogo-me nas areias
inclementes
do deserto
que só eu
experimentei.
Prossigo de qualquer jeito.
Nas trilhas das crenças
indefinidas,
tanto posso dar
no mar
quanto nas
estrelas,
mas não há faróis
nem guias.
Peço, então,
a não sei qual divindade
benfazeja,
mãos postas diante
do fogo sagrado
das paixões,
que me faça chegar por fim
a um porto
mesmo que inseguro,
onde eu possa crer
ainda que sem certeza.