O Velho
Triste e sozinho, lá está ele a cochilar,
sentado no seu cantinho, querendo se agasalhar.
Casaco já roto pelo tempo,
comprado nem lembra em que bazar.
Só sabe que frio e saudade,
estão a lhe matar.
Lembranças lacrimejam seus olhos,
cheios de recordações.
Busca no tempo acontecimentos
que deixou de vivenciar.
Em que esquina da vida, perdera o sonhar?
Ao longe a andar ainda com certa elegancia,
o perfil de uma mulher desperta seu cochilar,
na idade , que sem piedade avança.
Sedento, a querer compensar o tempo,
levanta-se com passos firmes,
decidido no seu pensar.
Vai em direção da amada.
Quer te-la novamente.
Deseja seu timbre de voz, seu perfume,
suas mãos, seu corpo, seu regaço!
Doce visão em seu espaço.
Ávido, respira profundamente,
a buscar o cheiro da mulher amada.
Seus cabelos, seu beijo, seu abraço.
Saudade... quanto tempo,
quantos anos...
Sem vacilar, decidido, tranqüilo,
pega alguns trocados, compra uma rosa...
A mesma cor que outrora, em belos momentos,
no corpo da amada depositara.
Aonde colocara os sentimentos, as doces palavras?
Ainda se lembrava, ainda os tinha vivos n` alma.
Rápido, sensacão a invadir-lhe o todo,
coração descompassado,
rosto pela emoção transtornado, mãos trêmulas,
vai ao encontro da mulher querida.
Não esperava ve-la tão perto.
Não esperava, obra do destino!
A emoção o paralisa, o imobiliza.
Fixa seus olhos molhados,
em olhos marejados, longamente.
Nada mais existe!
Louco de amor, louco de dor, não resiste.
A sufocar, tomba na calçada.
O coração, comoção, o leva a outra morada.
...os que por ali passavam diziam...
Morreu o velho da escada.
Morreu o velho na calçada.
Morreu o velho do jardim.
A rosa, a sua rosa na mão apertada,
Com ele para sempre foi levada.
Ana Maria Marya
12/01/2007
Ita/Ba/Brasil
Canto Da Poesia
Cirandas de Letras.........."O Velho"