Ulmo é o segundo em poder entre os Valar. Seu nome significa “derramador” e também era conhecido como “Rei dos Mares” e “Senhor das Águas”. Foi a ele que Ilúvatar concedeu o maior conhecimento sobre música e, assim como Manwë, ele sempre o serviu com a máxima fidelidade. Ulmo nunca se casou e, ao contrário dos outros Valar, preferia a solidão dos mares profundos. Possuía um palácio no fundo do Mar Exterior, conhecido como Ulmonan.
Durante a Grande Música, Ulmo voltou os seus pensamentos para a água. Porém, Melkor resolveu atacar sua criação. Primeiramente, ele fez isso através de um frio implacável, e foi assim que surgiu a neve. Depois Melkor teria imaginado um forte calor para assolar os mares, mas não conseguiu secá-los e disso acabaram surgindo as nuvens. Através das nuvens, os reinos de Manwë e Ulmo se aproximavam, e eles se aliaram desde o princípio dos tempos.
Apesar de ter trabalhado arduamente na construção do mundo, ele não gostava de caminhar sobre a terra e raramente ia às assembleias dos Valar. Sua aparição era assustadora, como uma onda gigante vestida de elmo e armadura. Possuía um vassalo Maiar chamado de Ossë, o senhor dos mares, que se deliciava com as tempestades. E a esposa de Ossë, Uinen, era a única capaz de acalmar as ondas e sua ferocidade. Como não suportava o mar, Melkor tentou atrair Ossë para lutar a seu lado, e ele aceitou. Mas Uinen o acalmou e, levando-o até a presença de Ulmo, conseguiu que o Valar o perdoasse e aceitasse-o novamente em seu serviço. Ainda assim, Ossë não é totalmente confiável e às vezes age com violência, de acordo com seus próprios caprichos, sem ordem direta de Ulmo.
Durante a assembléia em que os Valar discutiram se deveriam convidar os elfos para viver com eles em Valinor, Ulmo esteve presente e se opôs. Ele acreditava que os primogênitos deviam ter a liberdade de andar como bem quisessem pela Terra-Média e de governá-la, curando os estragos causados por Melkor. Mas os Valar temiam pela segurança dos filhos de Ilúvatar e decidiram convocá-los. Acatando essa decisão, Ulmo os recebeu no litoral e, com sua música, transformou o medo que tinham do marem desejo. Ele os transportou até Valinor usando como embarcação uma ilha, que ficou conhecida posteriormente como Ilha de Balar.
Como o clã dos Teleri vivia longe do mar, acabou ouvindo a convocação de Ulmo quando já era tarde demais. Muitos deles passaram a viver no litoral, sendo instruídos por Ossë e aprendendo histórias e canções do mar. Foi assim que eles, que já eram os melhores cantores dentre os elfos, encheram suas músicas com som das ondas batendo na praia e se apaixonaram pelo mar. Anos mais tarde, Ulmo teria voltado para buscar aqueles que estavam dispostos a partir. Porém, o fato de que não mais ouviria o canto dos Teleri em seu reino o entristecia. Ele conseguiu convencer alguns a ficar e o líder deles passou a ser Círdan, o armador.
Quando se deu a libertação de Melkor das prisões de Mandos e ele passou a viver em Valinor, muitos foram os que acreditaram que ele realmente havia mudado. Ulmo e Tulkas, porém, não se deixavam iludir. Ainda assim, por defenderem o respeito à autoridade de Manwë, não contrariaram sua decisão.
Com a destruição causada por Melkor e a rebelião liderada por Fëanor, a ira dos Valar recaiu sobre os Noldor. Mas Ulmo amava muito os elfos e recusou-se a abandoná-los nesse momento. Ele sempre recebia notícias dos exilados e, algumas vezes, seguia despercebido até o litoral da Terra-Média para orientá-los. Um bom exemplo disso ocorre quando Turgon e Finrod adormeceram as margens do rio Sirion e recebem, através de sonhos, uma mensagem de Ulmo para que busquem abrigos seguros para se proteger de Melkor. Finrod logo encontrou o que procurava nas cavernas de Narog, construindo a fortaleza de Nargothrond. Já Turgon teve uma grande dificuldade de encontrar um local adequado, então Ulmo teria lhe aparecido e recomendado que entrasse no Vale do Sirion. Assim ele conheceu Tumladen e construiu ali a cidade oculta de Gondolin.
Ninguém conhecia a localização de Gondolin, pois aqueles poucos que entravam na cidade eram proibidos de sair. Além disso, contava com a proteção do próprio Ulmo. Porém, Turgon também estava sujeito à Condenação de Mandos. E Ulmo lhe apareceu pela última vez e avisou que a traição surgiria dentro de suas próprias muralhas, mas quando esse dia chegasse o Valar enviaria alguém para avisá-lo. Assim foi feito, e Tuor, da raça dos homens, entrou em Gondolin como sua grande esperança. Porém, Turgon não deu ouvidos à mensagem que Ulmo enviou através dele, dizendo que devia deixar sua cidade para trás, e acabou perecendo durante a queda de Gondolin.
Vendo o massacre de tantos elfos, Ulmo resolveu sair das águas profundas e seguir até Valinor. Lá ele implorou por perdão e ajuda para os exilados. Manwë, porém, não atendeu aos seus pedidos e nada fez em benefício daqueles que deixaram Aman. Ele só se levantaria para defendê-los quando um deles fosse pedir perdão em pessoa.
Pois Elwing, neta de Beren e Lúthien, havia herdado uma das Silmarils. Quando os filhos de Fëanor provocaram uma batalha pela pedra em Balar, a cidade em que vivia, ela teria se jogado ao mar junto a ela. Em sua piedade, Ulmo a ergueu das ondas e a transformou em uma grande ave branca. Ela voou pelo mar em busca de seu amado Eärendil com a Silmaril brilhando em seu peito. Quando ela finalmente o encontrou e ele ficou sabendo da destruição de Balar, entrou em desespero e não podia mais ver esperança para os povos da Terra-Média. Assim eles resolveram procurar Valinor e, graças ao poder da pedra, encontraram o seu caminho. Eärendil pediu perdão à Manwë pelos atos dos Noldor, diante de Ulmo e dos outros Valar.
Ulmo talvez tenha sido o Valar que mais amou os elfos e homens, guiando-os sempre nos momentos de escuridão. Ele nunca abandonou aqueles que andavam perdidos. Possuía uma voz profunda e o eco de sua música percorria Arda na alegria e na dor. Através de sua criação, a vida continuou a existir em muitos lugares secretos e, mesmo com a maldade de Melkor, a Terra não pereceu.