Yavanna Kementári é a esposa de Aulë, a segunda em reverência dentre as Valier (rainhas dos Valar) e a responsável pelo crescimento dos frutos e de todas as coisas verdes em Arda. Enquanto Yavanna significa “provedora de frutos”, Kementári seria “rainha da terra”. Ela sente amor por tudo aquilo que vem do solo, das grandes árvores que crescem como torres no meio das florestas até o musgo sobre as pedras. Ela pode assumir muitas formas, como a de uma mulher alta trajada de verde ou mesmo a de uma árvore coroada pelo sol, de cujos galhos se derramam um orvalho dourado. Vána, a Sempre Jovem, é sua irmã mais nova e Melian foi sua parente.
No princípio de Arda, Yavanna plantou as sementes que há muito tempo imaginava. Como precisava de luz para que elas crescessem, pediu a seu esposo Aulë para criar duas lamparinas que iluminariam toda a Terra-Média. Assim suas sementes começaram a brotar e surgiu tudo que era verde, como musgos, capins e árvores altas com as copas coroadas de nuvens. Os animais também começaram a andar sobre a terra e a habitar as águas. O lugar mais abundante de todas essas criaturas era a ilha de Almaren, que foi a primeira morada dos Valar. Mas Melkor, que a toda a prosperidade observava, sentiu inveja e criou sua fortaleza nas profundezas da Terra. A sua perversidade e ódio eram tão grandes que emanavam pelo mundo e começaram a destruir a Primavera de Arda. Surgiram pântanos, as criaturas verdes adoeceram e as florestas passaram a ficar perigosas. O golpe final foi a destruição das duas lamparinas criadas a pedido de Yavanna. Observando toda a calamidade causada por Melkor e incapazes de encontrá-lo, os Valar resolveram deixar Almaren para trás.
Quando Valinor estava pronta, com suas mansões e cidades, Yavanna decidiu consagrar uma colina verdejante chamada de Ezellohar, entoando uma canção de poder. Todos os Valar se reuniram para ouvir o seu canto e observaram que, sobre aquela colina, nasceram duas plantas esguias. Sob a ordem de Yavanna, elas cresceram e floriram com grande beleza. Assim surgiram as Duas Árvores de Valinor, sua criação mais célebre. Uma delas foi chamada de Telperion e brilhava em um tom de prata. A outra era Laurelin, que emitia um brilho dourado. Elas derramavam um orvalho precioso que era armazenado em tonéis por Varda. Cada uma delas permanecia iluminada durante sete horas e, uma hora antes de uma delas se apagar, a outra se acendia. Os dias passaram a ser contados em Valinor através dessas árvores, e possuíam doze horas.
Mesmo com a bem-aventurança de Valinor, Yavanna se recusava a abandonar totalmente a Terra-Média, pois ainda pensava com carinho e se entristecia por tudo que crescia lá. Às vezes ela deixava a morada de Aulë e ia curar os ferimentos causados por Melkor. Ela lançou um sono profundo em muitos desses seres para que não envelhecessem e despertassem quando chegasse a hora. Yavanna levava muitas notícias de Arda para os outros Valar e os instigava a entrar em batalha para retomar o domínio da terra antes da chegada dos Primogênitos.
Apesar de manter a criação dos anões em segredo para os outros Valar, Aulë revelou a Yavanna o que tinha acontecido e toda a misericórdia de Eru. Através dessa conversa ela percebeu que os anões, assim como os próprios filhos de Ilúvatar, precisariam se alimentar e construir coisas e que, invariavelmente, acabariam dominando e tendo primazia sobre todas as criaturas verdes. Isso a preocupou muito, pois temia por suas obras e desejava que fossem seres livres. Então ela decidiu se aconselhar com Manwë, que perguntou qual dentre todas as suas criaturas ela mais gostaria de preservar. Yavanna respondeu que prezava mais as árvores, pois seu crescimento era demorado e elas rapidamente eram derrubadas. Ela queria que as árvores pudessem castigar todos aqueles que fizessem mal às criaturas verdes. Ouvindo isso, Manwë teve uma visão enviada pelo próprio Eru em que, no momento do despertar dos filhos de Ilúvatar, ele enviaria espíritos de longe que se misturariam entre os animais e vegetais e os protegeriam. Esses espíritos ficariam conhecidos como as Águias e os Pastores de Árvores.
Com a chegada dos primogênitos a Valinor, foi construída a cidade dos elfos. E como o que eles mais amavam em Aman era a Árvore Branca, Yavanna criou para eles uma árvore menor chamada Galathilion, que era semelhante a Telperion, com a diferença de que não podia emitir luz. Mais tarde, uma de suas mudas foi enviada a Tol Eressëa (Ilha Solitária) e dela surgiu a Nimloth, a Árvore Branca de Númenor. Foi nessa época que Fëanor criou as Silmarils, que eram pedras que continham a luz das duas árvores de Yavanna.
Tendo vivido em Valinor quando obteve o perdão de Manwë, Melkor não estava alheio à felicidade dos Valar e dos elfos a quem tanto odiava. Depois de ter espalhado a discórdia e fugido, ele resolveu aproveitar a distração ocasionada pela festa da primeira colheita de frutos para voltar, com a ajuda de Ungoliath, e por fim em tudo aquilo que era belo. Entre os seus piores feitos, está a destruição das Duas Árvores de Valinor. Muitas vozes caíram em lamento, pois cada galho que Yavanna tocava, quebrava e caía aos seus pés. Como ela sabia que nunca poderia repetir esse feito, pediu as Silmarils à Fëanor, porque a partir da luz contida nelas, ela poderia devolver a vida às árvores. Mas ele não estava disposto a cedê-las, e nem poderia, pois sem que ele ainda soubesse, Melkor havia matado seu pai e roubado as pedras.
Yavanna chorou com medo de que a luz de Valinor desaparecesse para sempre. Ela cantou sozinha no escuro em uma tentativa de salvar as árvores e, no momento em que seu canto falhou, Telperion produziu uma última flor de prata e Laurelin um último fruto de ouro. Assim que Yavanna os colheu, as árvores enfim morreram. O fruto e a flor foram abençoados por Manwë e entregues para Aulë, que criou duas naves para conter o seu brilho. Varda determinou que essas naves percorressem e iluminassem toda a Terra-Média. Dessa maneira se deu o surgimento do sol e da lua e muitas das criaturas que Yavanna havia mantido adormecidas, despertaram.
A responsável pela criação e manutenção de todo o verde de Arda foi Yavanna. Seu carinho por essas criaturas era imenso e muitas vezes ela se levantou em favor delas. Os frutos de que os filhos de Ilúvatar se serviam eram também obra dela, assim como a luz que brilhou em Valinor e, mais tarde, passou a iluminar a Terra-Média. Toda a abundância do mundo surgiu a partir do seu pensamento.