Quero te amar inteiro e, principalmente, te amar com teus defeitos,
porque te amar com tuas qualidades é fácil demais.
Difícil é querer-te com tuas vontades e desmandos.
Difícil é te adorar com tua mania de dono-do-mundo,
de papai-sabe-tudo.
Difícil é passar por cima do teu jeito mandão de ser.
Seria fácil te amar pela tua inteligência,
pelo teu carinho sem fim,
pela tua delicadeza ao me adorar.
Seria fácil te querer pelas flores que sempre me dás,
ou pelas jóias que me trazes, mas tem o lado difícil de te querer.
Mas se não fosse essa humana dualidade já tinha deixado de te amar.
Eu te quero pelo sono inquieto,
pelo biquinho amuado,
pelos repentes de raiva,
pela solidão em que te instalas.
Te quero pelo olhar distraído e pelo teu jeito sem jeito de me amar.
Te quero pelos teus silêncios...
e te adoro nas manhãs mal-humoradas e nas horas de enjoo das ressacas.
Eu te amo pela data que não lembrou.
Eu te amo de zorba e meias na hora do amor.
E te quero com suor ou cheirando a banho recém-tomado.
Eu te amo pelas palavras não ditas e pelas palavras doídas da hora da raiva.
É fácil te querer por perto nas horas de chamego, e nos dias de frio.
Difícil fica estar contigo nas horas dos resmungos e das contas a pagar.
Mas eu te amo por tudo isso e muito mais.
Odete Ronchi Baltazar