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Tu que me deste o teu carinho
E que me deste o teu cuidado,
Acolhe ao peito, como o ninho Acolhe
ao pássaro cansado, O meu desejo
incontentado. Há longos anos ele arqueja
Em aflitiva escuridão. Sê compassiva e benfazeja
. Dá-lhe o melhor que ele deseja: Teu grave e meigo
coração. Sê compassiva. Se algum dia
Te vier do pobre agravo e mágoa,
Atende à sua dor sombria:
Perdoa o mal que desvaria E traz os olhos rasos
de água. Não te retires ofendida.
Pensa que nesse grito vem O mal de toda
a sua vida: Ternura inquieta e malferida
Que, antes, não dei nunca a ninguém
. E foi melhor nunca ter dado: Em te pungido
algum espinho, Cinge-a ao teu peito
angustiado. E sentirás o
meu carinho. E setirás o meu cuidado.