DO LADO DIREITO DA LUA
Dois meninos encontraram-se, por acaso, numa praça . Não se conheciam e, coincidentemente, sentaram no mesmo banco e começaram a conversavar.
Falavam coisas a esmo, como o carro que passara, os seus times de futebol, suas músicas preferidas ... Em fim, falavam-se pelo desejo íntimo que toda criança tem de fazer amiguinhos.
E os meninos conversavam. Os meninos que não se conheciam, mas sentaram no mesmo banco da praça. Era um menino rico e o outro pobre.
Em dado instante, um dos meninos resolveu falar sobre o que possuía. : Os seus brinquedos eletrônicos ... E, também, sobre a sua casa, dizendo:
__ Na minha casa eu tenho uma sala de brinquedos e são muitos os meus brinquedos. Além deles, eu tenho nessa sala, um vídeo game, um televisor tipo telão, vídeos cassetes, aparelhos de som, computador com Internet
Na minha casa tem uma sala só para os meus livros. É a minha biblioteca. É lá que eu estudo e faço os meus deveres de casa.
Na minha casa tem uma sala, onde a visita fica, enquanto não chega ninguém para recebê-la.
Tem um grande salão onde fazemos nossas festas. E tem a sala de reuniões, onde o meu pai recebe muita gente importante.
Na minha casa tem um quintal enorme com piscina, quadras de vôlei e de basquete e um lindo campo de futebol..
Uma lágrima rolou pela face do outro menino.
__ Por que você está chorando? Perguntou o menino rico.
E o outro respondeu com a voz embargada pela tristeza:
__ Eu so´ tenho casa no verão.
E o menino rico levantou_se, surpreso com a revelação.
__ Como pode alguém só ter casa no verão? Indagou, perplexo.
E o menino pobre continuou:
__ Neste tempo, inverno, eu durmo embaixo de pedaços de papelão ou em qualquer buraco, onde eu possa me proteger do frio.
Quando o frio é com chuva, não tem jeito,vou para um barzinho e me escondo embaixo de alguma mesa entre as cadeiras, até que alguém me veja e me expulse, gritando ou me dando cascudos.
Mas, quando chega o verão, aí, sim, eu tenho uma casa e sou. Pois, em qualquer lugar, eu durmo. Em qualquer lugar eu moro.
Com o calor do verão o céu está, sempre, sem nuvens.
À noite, o meu teto, que céu, está repleto das mais belas lâmpadas do Universo, que são as Estrelas. Sem falar no fantástico globo de luz, que é a Lua.
No verão a minha casa é o mundo, onde eu sou feliz. E todo o espaço de chão, ao meu redor, é o meu quintal.
Agora estou infeliz mas, quando chegar o verão, eu serei o homem um outro menino. Mais alegre, pois terei o mundo inteiro como minha casa e dormirei, todas as noites, sob a luz da Lua e das Estrelas.
Você está vendo aquela estrelinha? Olhe na direção do meu dedo. Aquela pequenininha, bem do lado direito da lua. Aquela estrelinha é minha mãe.
Ela se foi há muito tempo, quando eu tinha, apenas, um ano de idade. Ela quase não aparece no inverno. As nuvens não deixam. Mas, hoje, ela apareceu. Parece que Deus afastou as nuvens, para que eu a apresentasse minha mãe pra você.
Eu sempre falo com ela da minha vida e dos problemas, que eu já tenho, apesar de ainda, ser tão criança.
Ela não me responde, mas sei que me escuta e pede a Deus por mim.
Eu nunca peço pra ficar rico. O que eu quero é que minha mãe consiga com Deus que, um dia, eu não acorde, ou melhor: Que o meu acordar seja no céu, pertinho daquela estrela, que é ela, a minha mãe, onde eu pretendo ficar.
Quando eu, lá, estiver, pedirei a Deus, pelas crianças que sofrem como eu.
E o menino pobre, olhando para o lado, vê o seu novo amiguinho chorando.
O menino rico chorava, comovido com suas palavras.
E o menino, chamado de pivete pelos sujos preconceituosos e demais porcos discriminadores, lhe falou, sorrindo:
__ Ué ! Você, também, está triste, como eu? Não fique assim. Vou pedir a minha mãe para falar a Deus de você, também. Você quer acordar, também, no céu? O outro menino não teve palavras para responder, emocionado que estava, com a historia do seu novo amiguinho.
Marcaram para o dia seguinte um novo encontro, à mes_ ma hora e naquele mesmo banco.
O menino rico voltou no outro dia, como conbinaram, e o seu amiguinho não apareceu.
O que teria acontecido? Isso o preocupava, pois o seu novo amigo era um menino livre. Vivia sozinho, não tinha ninguem para impedir o seu ”ir e vir.
Passou a frequentar mais aquela praça,” onde ficava, por muito tempo, sentado naquele banco em que conhecera seu amiguinho pobre, esperando que ele aparecesse, a qualquer momento.
Uma noite, com o céu, parcialmente, nublado, ele lembrou-se
do momento em que, quando o coleguinha falava sobre sua mãe, ele dissera que sua mãezinha era uma estrelinha do lado direito da lua.
E o menino rico ao lembrar desse instante, olhou para o céu, e viu que as nuvens se abriram, surgindo um grande clarão, no meio do qual estava a lua. E, instintivamente, procurou pela estrelinha, a suposta mãezinha do seu amiguinho, já, tão querido.E, de repente, baixou a cabeça, aos prantos e , alguem que por ali passava, ao vê-lo chorando, achegou-se a ele e perguntou o que estava acontecendo. Ao que ele respondeu, entre soluços:
_ Agora, são duas estrelas à direita da lua.
Ademir garçon
Enviado por Ademir garçon em 25/08/2010
Reeditado em 29/08/2010
Código do texto: T2459428