PASSAGEM DE MINHA AMADA PELO JARDIM
Imagino um jardim com lindos pontos coloridos, variados tons de cores. E, nesse jardim, eu vejo um alvoroço causado pelas flores falando, discutindo, acaloradamente. Cada uma se sente e se diz a mais bela dali.
E os perfumes se misturam pelo ar, jogados pelas presunçosas belas e borboletas voam, pra lá e pra cá, de flor em flor, como se tentando acalmar as litigiosas criaturas. Ou será que as borboletas estão querendo mostrar o quanto são mais bonitas que elas?
De repente, silêncio total! Já não se houve as flores. Já não se sente os perfumes. As borboletas sumiram. Surgiu no jardim a mais bela de todas as flores: A minha amada que, mesmo não tendo a cor e a essência das flores, nem a simetria colorida das borboletas, consegue ter mais beleza que todas as criaturas desse jardim.
Por que será tão mais bela a minha amada?
Em minha imaginação eu vejo uma surpreendente cena no céu: Deus e Natureza conversam, enquanto a minha amada está sendo “fabricada”. De repente, cada um cai em si e correm para ver como ficou sua, agora, obra prima. Então se acusam:
__ Você pôs beleza demais, diz Deus Pai.
__ O Senhor me distraiu, responde Natureza.
E, conformados com a excessiva beleza posta, deixaram que ela viesse ao mundo, como a mais bela de todas as criaturas do universo.
E, após a passagem da minha amada pelo jardim, as flores se recompõem e recomeçam a confabular. Desta vez, não para mostrarem-se tão belas. Apenas lamentam e perguntam a Natureza não as fez como ela.
As borboletas não mais voam, pra lá e pra cá, tentando acalmar as briguentas flores ou para mostrarem-se mais belas.
E todas, borboletas e flores, se rendem a majestade de minha amada, desejando que ela volte para, se curvando à sua passagem, sentirem o prazer de serem governadas por tão bela rainha.