Em vários momentos da minha vida temi arriscar.
Caminhar rumo ao desconhecido.
Abraçamos certas coisas que julgamos ser
importantes e que jamais conviveremos sem ela.
Temos medo de abandoná-las e esse medo
nos coloca numa situação de sofrimento, de desespero.
Julgamos que o que temos ou conseguimos é o melhor
para nossas vidas.
Vivemos apegamos e esquecemos que existem outras
soluções ou caminhos.
Isso gera uma acomodação.
Tudo nos é tão familiar, já a conhecemos tão bem,
já faz parte de nossa vida de tal forma que optamos
por continuar, até sofrendo se for necessário, para
mantê-la, e não temos coragem para mudar...
Aceitar o envelhecimento com naturalidade
é o grande impasse.
É um novo momento e nos amedronta...
Desafios, mudanças, limites, problemas de
ajustes e doenças.
O maior temor é a depressão que pode advir
com a falta de objetivos ou com a aposentadoria.
Apavoramo-nos acreditando que não temos mais
possibilidade de realizar o tanto que deixamos
de fazer e passamos a nos amargurar
como se só bastasse esperar a morte.
Devemos alimentar sonhos e vontade de realizá-los
independente da idade porque
embora a morte seja certa,
nunca sabemos quando chegará...
Velhice não pode estar associada a privações e acomodações..
Deve estar relacionada a vida ativa , participativa e feliz.
Ser velho pode então ser interpretado como alguém que,
depois de uma parcela do tempo de vida empregado ao
trabalho e à dedicação à família, desfruta de uma etapa de lazer,
interação social, aprendizagem despreocupada,
busca de conhecimento interior e felicidade desprendida.
Aposentar-se não deve significar não fazer nada apenas
esperando o tempo passar.
Pode e deve ser o ponto de partida para uma
nova etapa da vida.
Muitas coisas nos atraem a mudar:
o cansaço físico e o prazer de executarmos outra atividade
que ainda desconhecemos na sua totalidade mas
que exerce um fascínio a desempenhar.
Aposentar pode ser a oportunidade de experimentar o novo e /
ou continuar a por para fora o
que se tem de melhor.
Não mais trabalhar pra sobreviver necessariamente
O mundo é dinâmico e para acompanhá-lo
não podemos parar uma atividade sem estar totalmente
convictos de que ainda temos possibilidade de realizar outra.
O medo nos impede de ousar e na nossa idade,
o que teríamos a perder?
A alegria de conseguir vencer desafios deve superar
a angústia de vencer os seus próprios limites
Tomar decisões gera medo, ansiedade e insegurança.
Mas muito pior é continuar quando não há
mais vontade de sonhar.
Um novo caminho desponta.
Ainda que temerosos, devemos dar um passo de cada vez.
Soltar os grilhões do passado.
Sentir-se livre e desnuda
Caminhar firme e com segurança.
Sem medo ou covardia.
Com a única certeza de que o desconhecido
ainda pode ser o melhor para nós.
A possibilidade de um recomeço muito mais feliz
só depende de nós...
Beth Hanriot