2015 e o bom uso do tempo
Artigo publicado no Jornal de Brasília, edição de terça-feira, 30/12/2014.
Paiva Netto
O ambiente fraterno e acolhedor que se estabelece no fim do ano,
reunindo as famílias, os amigos, as comunidades, enfim, os corações,
leva todos a projetar sempre um novo ano melhor. É preciso, porém, que
mantenhamos a veemência inicial, trabalhando, incansavelmente, sem
perder nenhum ensejo de atuação em prol do desenvolvimento espiritual,
humano e social de nosso país, a partir de nós mesmos. Assim, 2015 terá
maiores oportunidades de sucesso.
Nos meus bate-papos com os
jovens da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo e no livro
"Jesus, a Dor e a origem de Sua Autoridade" (2014), alerto-os para o
fato de que o tempo vai passar de qualquer jeito. Por isso, façamos bom
uso dele na vivência diária do Amor Solidário, que nos coloca sob o
amparo de Deus Todo-Poderoso, fonte da verdadeira solução para os
desafios particulares e coletivos, se houver decisivamente em nós a
indispensável humildade para senti-Lo e compreendê-Lo, sem radicalismos.
Sempre haverá saída para os problemas, por piores que sejam, desde que o
ser humano realmente respeite o ser humano. Ele não vai apenas pensar
com o cérebro, usará também o coração. À vista disso, é imprescindível
educarmos nossos sentimentos no Bem, pois, quando a criatura tem seu
interior poluído, tudo à sua volta é contaminado.
MENTE, CORAÇÃO, GENEROSIDADE
Falar em mente e coração dá-se pela necessidade de evidenciarmos um
simbolismo essencial à clareza do que lhes apresento, de modo que
estejam nitidamente expressas duas das condições mais importantes da
Alma: pensar e sentir, ou, na ordem moral mais perfeita, sentir e
pensar. Eu poderia expor que, sendo a mente o contato principal do
Espírito com o corpo, nela estaria o centro do pensar e do sentir
(amar). Contudo, procuro uma forma mais simples de me comunicar com
Vocês, porque aqui estão pessoas de mais idade e temos crianças também.
Ora, o grande objetivo da Autoridade do Poder de Jesus, na Política de
Deus, é que todos se façam melhores. Sob a ótica da Legislação além da
legislação — portanto, a que tem origem em Deus e em Suas Leis Eternas
—, somos levados a indagar: se não houver igualmente esse sentido de
Solidariedade, de Generosidade, de Altruísmo, de Confiança, de
Disciplina e de Justiça, na efetiva transformação de um indivíduo, para
que ele se torne ético, quem cumprirá as leis terrenas?
Em
"Reflexões e Pensamentos — Dialética da Boa Vontade" (1987), registrei:
Quantas leis sejam feitas, tantas maneiras o ser humano encontrará de
fraudá-las, enquanto não entender que temos solidários compromissos uns
para com os outros, sem os quais não pode existir genuína vida em
sociedade. Isso é exercer a cidadania, que começa no Espírito. É
fortalecer as comunidades. Não há departamentos estanques no mundo,
principalmente agora, na era da rapidez das comunicações e da constante
ameaça nuclear, entre outras talvez piores.
Não basta desenvolver
o intelecto, como muitos pensam relativamente à Educação. Por isso,
criei a Pedagogia do Afeto, para iluminar os corações dos pequeninos,
porquanto uma civilização exige que haja um refinamento dos costumes.
Como realizá-lo, senão cultivando o que de bom existe no íntimo de cada
criatura? É preciso desarmar os corações, como explico em "É Urgente
Reeducar!" (2000). Nele digo que a estabilidade do mundo começa no
coração da criança.
Tal ponto de vista — o da necessidade de
desarmar os corações humanos desde os pequeninos — não nos impede de
prepará-los para sobreviver aos piores desafios da vida.
Torna-se
mais que básico que nos empenhemos no estudo das Leis Divinas. Como?!
Investigando as Sagradas Escrituras e purificando nosso interior com a
Bondade e a Justiça de Deus.
Pensem nisso. Governar é educar o sentimento para o Bem.
Alziro Zarur (1914-1979) ressaltava que:
"— Governar é ensinar cada um a governar a si mesmo".
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