Às vezes, pego em lápis de todas as cores e pinto o mundo em tons quentes
a condizer com o desejo do meu coração ardente.
E não me chegam as cores que tenho, invento, na alma,
raios de luz cintilante a condizer com o sobressalto constante que me aninha.
E perco a voz a gritar cá dentro o que não me desertou.
Às vezes, invento paisagens e acredito que elas existem para além do tempo que passou.
E logo acordo num mar sem fundo onde nada vive
e nenhum som se escuta nem de perto nem de longe.
E pinto um céu cheio de estrelas e um vento fresco que me empurre.
E pinto as palavras que trago debaixo da pele da cor do incêndio que,
no coração, me sobrevive.