Do mar eu trouxe pedras que a maré deixou na areia
e guardo-as para me lembrar das ondas em que o Amor me navegou.
Desse mar sem fundo perdi a praia, a caravela partiu e não voltou.
Longe é terra á vista quando perto só as águas das ondas me encontram
e só as pedras que guardo me lembram de chão para me voltar a mim.
Ao mar azul, onde o vento do norte era o Amor sem fim,
chegou a noite demasiado cedo e pedras negras naufragaram um barco de luz.
Trago no peito uma bússola como bóia, não perdi o rumo, sei onde estou.
O meu mar tem a mesma transparência e a caravela nunca afundou.
As velas de velhas rasgaram-se, mas os remos ficaram e eu sei onde estou.
Navego o tempo com o Amor que me ficou.