Caminha-se, segue-se em frente, anda-se por aí.
Não se pode ir ao encontro de nada.
Encontra-se o que existe, o nada é coisa nenhuma.
Caminha-se para além do nada à espera do momento
em que a alma nos acorda e os pés aquecem em cada passo
depois de percorrem tanto inverno como vida.
Não se pode ir ao encontro de nada.
Caminha-se ao encontro da vida,
do que sentimos como fé no fim do caminho.
Encontra-se o que sentimos dentro como força maior
se soubermos o que procuramos.
Derivamos se tudo o que acontece em nós
é fogo fátuo que se consome em si mesmo sem deixar cinzas,
porque nada nos encontrará no nada que somos dentro.
Podemos passear no nada, viver no nada
a pensar que é tudo o que existe.
Mas no nada nada corre, nada é,
apenas o tempo passa porque é tudo o que existe
se é verdade que o tempo é real.