A gente pensa que o amor é como um miojo instantâneo: Fácil de sentir e fácil de ir embora. Mas o amor acaba na falta. Morre na ausência, no desinteresse do outro, ou até mesmo nos desencontros entre uma ida e outra. Somos ansiosos para o agora, e quando vemos tudo desmoronar, acreditamos que o amor vai acabar como um passe de mágica. Mas não é assim, leva tempo. O amor mora na sutileza: Na consideração, na lealdade. Qualquer coisa contrária a isso pode ser lida como pequenas doses de desamor. Carecemos de cuidado, respeito, empatia, ou até de uma simples mensagem no fim do dia: "Está tudo bem?". O amor mora nas coisas bobas, no cotidiano do cuidado. E a falta desse cuidado enfraquece o amar. Não é de um dia para o outro que "Desamamos". O desamor surge na falta de sutileza ou no olhar indiferente para a dor que não é a sua. O amor sobrevive das miudezas. É ali que a gente se faz grande no outro e com o outro. Então é quase impossÃvel dizer "Eu te amo" de repente, da mesma forma que o desamor é um processo. Até na partida existe amor, seja ao reconhecer o fim daquele ciclo ou ao se escolher. O amor morre na falta dos cuidados básicos do cotidiano. Não é "Desamei do nada". Tudo o que se constrói com amor, se não for bem cuidado, enfraquece. O amor tem seu compromisso, sua verdade e principalmente, suas manutenções. Se você não está disponÃvel para realinhar os caminhos todos os dias, para enxergar as dores do outro, não se arrisque. Amar de verdade é ter um olhar humano com o que é seu, mas também com o que compõe o outro. É alimentar juntos e cuidar do espaço que se cria. A gente faz do amor o que ele faz de nós. É a mensagem carinhosa, o "Lembrei de você", o "Ouvi essa música e achei que você ia gostar", o "Saudade". São os encontros, o olhar cuidadoso sobre os desencontros e o abraço interminável do reencontro. Sem esses momentos, o amor se enfraquece, até que deixa de fazer sentido. O amor se alimenta do que é feito no cotidiano também.
— Matheus Vieira