Me mostra a tua parte quebrada, eu quero ver o que não é tão bonito assim. Desejo tocar no teu descontrole, quero ser apresentada aos monstros que se escondem debaixo da tua cama e talvez cantar uma canção de ninar pra eles. Quero te ver cinza concreto, teus lados pontiagudos, aqueles que cortam e dilaceram. Teus olhos escuros, pelos quais eu, que nem sei nadar, quero me afogar, tenho uma profundidade difÃcil de decifrar, deve ser porque você é um mar de tanta coisa. É que o amor também profana. E há tantas rachaduras em mim que você consegue reconhecer, que também há rachaduras em você. Quando foi que algo em você se quebrou? Posso juntar os teus cacos e tentar colá-los. Ou então posso jogar tudo fora, eu até prefiro. E eu sei que parece loucura, mas o amor não tem muito disso? Aquilo que não me enlouquece, não me interessa, e você, meu bem, me enlouquece muito.
— O Amor Não Mora Na Urgência Do Outro, Luana Carvalho.