"Às vezes a gente esquece de se colocar nessa posição de pessoa incrÃvel e admirável que o outro terá a sorte de conviver." Reconhecer que somos uma grande perda, é reforçar o valor da nossa existência. Afinal, não chegamos até aqui à toa, não enfrentamos tantas desilusões e iniciamos tantas metamorfoses em vão, não passamos por tantos apertos pra reconhecermos o quão grande somos. Reconhecer o nosso tamanho na vida é sobre não se conformar com qualquer espaço minúsculo e desconfortável que nos ofereçam. Também somos a pessoa boa que vai chegar na vida de alguém. E eu preciso te dizer que você não está errada por querer o melhor. A gente só quer alguém especial, alguém que tenha cuidado com os nossos medos, que tenha cautela com nossas inseguranças e respeito por nossas cicatrizes. A gente só quer alguém que traga paz pro nosso caos. Não faz sentido manter relações que tragam ainda mais desordem pro nosso mundo, relações que intensificam ainda mais o nosso medo e nossas inseguranças, que disparam nossos gatilhos e estimulam nossa ansiedade. Também somos o amor que alguém está esperando encontrar. E não precisamos nos manter em relações que não acreditam no nosso potencial e duvidam do nosso afeto. Não precisamos, a todo momento, convencer o outro de que somos merecedores de confiança. Existem muitos pontos admiráveis em nós mesmos e detalhes que nos torna únicos e genuinamente importantes. Também somos o afeto limpo e sincero que alguém está pedindo ao universo pra receber.
Não é errado ter nossas exigências, reconhecer o nosso valor e saber o que queremos pra vida e o que merecemos pra nossa jornada. Escolher alguém pra vida não é como escolher uma peça de roupas, não é nada parecido com viajar pra um lugar novo, escolher alguém pra vida não é como escolher o agora. Escolher alguém exige que a gente tenha percepção de futuro, perspectiva de tamanho do afeto que está sendo cuidado. É sobre olhar pro outro e entender que em meio a tanta diferença, existe lealdade, verdade, sinceridade, zelo e tantos outros sentimentos que se alinham com o amor. Escolher alguém pra vida é muito maior do escolher alguém só por amor. Porque o amor não basta, amor é o mÃnimo, amor sozinho não vinga, não é suficiente. Chega um momento da vida adulta que a gente está cansado de tentar só por tentar, sabe? De escolher qualquer coisa só pra preencher nossos vazios, ou de aceitar uma companhia pra se sentir melhor com a nossa própria. Ser adulto é sobre ter passado por aquelas fases em que a gente se sente incompleto por estar sozinho, e então a gente aprendeu que estar só é uma escolha que precisa ser confortável, pra que a gente aprenda a aceitar o conforto das companhias certas e jamais se acostumar ao desconforto das erradas. A gente só quer acertar, sem perda de tempo, sem insistência em peso, sem permanecer debaixo da tempestade esperando que nos ofereça abrigo, existem companhias que não compartilham o guarda-chuva com a gente, muito menos o afeto quente e acolhedor. É nossa responsabilidade escolher o lugar que merecemos ocupar. A verdade é que está cada vez mais difÃcil encontrar uma relação definitiva. Quando você tem coragem o suficiente pra fazer essa escolha, algo acaba desandando no meio do caminho, a versão daquela pessoa que você acredita ser a escolha certa começa a distorcer e te mostrar a porta de saÃda. Recentemente escolhi alguém que eu queria que fosse definitivo, mas não basta querer, precisa ter confiança e segurança também. E o foda de ter se transformado num adulto que sabe o que merece, é que muito provavelmente você ficará sozinho por muito tempo. Não dá pra escolher qualquer coisa.
Iandê Albuquerque