A gente não acorda em um belo dia com um manual de como fazer as relações serem confortáveis e menos desgastantes. Você até pode ler o último lançamento de como fazer um amor dá certo, mas na prática, não existe um formulário com dicas e roteiro pronto. É tudo diferente quando um lado do travesseiro pesa mais que o outro.
Cada um tem uma forma de se relacionar ou cada um aprendeu de uma forma diferente?
Eu também não sei. A única coisa que tenho certeza, e essa eu nem encontrei em manual, é que quando escuto o outro com atenção, abro espaços para trocas generosas, tanto para mim, quanto para ele. E isso só vai ocorrer de forma honesta se nos permitirmos juntos, a comunicação precisa ser recÃproca, mas não precisa ser igual. O tempo do verbo de um não é o mesmo do outro, mas quando você sabe que será acolhida, a palavra vem mais rápido e com mais cuidado.
Queria ter aprendido sobre isso mais nova talvez. Que a gente não consegue construir espaços de afetos se as únicas dores ouvidas são a do outro. Que comunicar o que você sente é tão importante quanto escutar o que o outro diz. Afinal, são as trocas vulneráveis que constroem lugares afetuosos - E isso não quer dizer que seja fácil, viu? Mas é essencial compreendermos que relações não se resumem a encontros nos finais de semana.
Amo uma frase que diz que relações saudáveis exigem conversas dolorosas. Conversar sobre as memórias boas, mas também sobre as frustrações, as mágoas, as quebras de expectativas e tudo que esteja aà no seu coração.
É somente sendo sincera com a gente e com outro que seremos capazes de entender, quem sabe um pouco, do que seja o amor em todas as suas formas, seja através da palavra, da música, do alimento, que possamos ouvir e acolher, falar e se auto perceber. Como eu escrevi uma vez: A gente também aprende sobre a gente quando o outro nos acessa. E quanto você também se permite aprender sobre o outro enquanto o escuta?
Sofia Oliveira