Relacionamentos saudáveis requerem revisões de acordos. A gente tem essa falsa ideia de que todas as relações se mantêm exatamente iguais para sempre, que não podem sofrer mudanças, ou ficamos paranoicos e atentos a toda e qualquer mudança. Não pode mudar os acordos feitos lá no início, porque a insegurança bate na porta e te faz ficar em alerta.
Tememos as mudanças por medo dos nossos próprios fantasmas. Medo do próprio medo, medo do diálogo, do desencontro, da conversa sensível que pode soar um desencontro e algumas vezes é um desencontro e também tá tudo bem. Esse medo das coisas mudarem me soa muito como uma falsa segurança de que relacionamentos não sofrem alterações.
Relacionamentos longos sofrem alterações, pode ser que você não goste de lidar com essa informação, mas os acordos que você fez ontem podem ser que já não sejam os mesmos hoje, sabe por quê? Porque mudamos, percepções, gostos, costumes, estamos movimentando o tempo todo. Nossas jornadas afunilam, desencontram, seguem coletivas e sozinhas também. Relacionamentos são ajustáveis, dialogáveis e principalmente sinceros. Nenhum acordo feito pode não ser desfeito, recriado, analisado novamente. Pode ser que amanhã você já não goste mais de ver o pôr do sol e goste de ver o nascer. É essa a graça de viver, mudar e refazer os caminhos quantas vezes for necessário.
A nossa jornada é um lugar que permite refazer acordos. Esse é o poder das relações, realinhar caminhos. A nossa disponibilidade para caminhar juntos, mas também na nossa individualidade, essa é a graça de viver relações saudáveis, não deixar de perder a sua individualidade ao adentrar o outro e até entender isso é muita quebra de expectativa, dependência emocional e frustração, porque a gente tá acostumado viver o outro em sua totalidade e deixar nossas emoções de lado.
Mônica Martelli trouxe uma fala no podcast podpah que é “Caminhar na mesma direção, mas cada um na sua trilha”. Estamos ali caminhando na mesma direção, mas cada um fazendo o seu movimento para chegar no mesmo lugar e às vezes a gente se desencontra, pega uma rota mais difícil ou uma fácil. Nós temos o poder de trilhar nosso coletivo e o individual em uma relação.
Matheus Vieira