Estava gostando tanto de uma música que a enviei para duas pessoas que amo
Será que podia?
Gostei tanto de um lugar que quis visitá-lo novamente com mais de uma pessoa, será que é certo? É um lugar especial para além de nós.
E o filme que amamos reassisti com um grupo, podia?
E meu corpo, esse que você beijou, outros beijaram também.
Fizeram carinho nos meus cabelos, os mesmos que você também acarinhou.
E me deram a mão na rua, a mesma que acompanhou a sua.
E essas lágrimas que correm quando choro de saudade de você também já choraram a saudade de outras tantas ausências presentes.
E apesar desse tanto de "Tambéns", você não precisa ter medo de perder a singularidade do nosso encontro.
Pois não há repetição que consiga reproduzir à exatidão o que se vive em um determinado tempo, consigo e com o outro.
Nem mesmo contigo seria a mesma coisa, pois já não somos os mesmos.
O que é único não precisa ser exclusivo.
Nem o que é especial precisa ser raro.
A abundância e o transbordamento não são oposições do singular, este que não está exatamente em um lugar, em um filme, em uma cena, mas está mesmo é no vínculo que a gente cria com o mundo - é isso que é só nosso, irrepetível, inconfundível.
Por isso que quando digo que te amo também, esse é o também mais precioso que tenho.

Geni Núñez