A vida veloz precisou desacelerar. De alguma forma, estamos tentando encontrar meios de reduzir o nosso próprio velocÃmetro para evitar um impacto ainda maior no guard rail do futuro. O cenário extremo do mundo externo — Medo? Incerteza? Angústia? — Nos obrigou a procurar aquele olhar interno e terno, até então esquecido nesse território de lembrança que somos nós.
Sei que há os que permanecem insensÃveis aos acontecimentos mundanos. Mas, desses, me recuso a tecer qualquer nota de repúdio ou gesto de ternura. Nas páginas da História e da consciência, cada um saberá o que fez ou deixou de fazer. Você sabe?
Prefiro residir nos olhos resistentes dos resilientes. Esses olhares que, mesmo nas tragédias mais incompreensÃveis, mesmo submetidos a mudanças radicais, mesmo em face ao menor encanto, ainda enxergam alguma possibilidade de nitidez no fim desse obscuro túnel. São neles que agora me fixo para escrever.
Foi preciso perder a oportunidade de estar perto de quem amamos para despertar, em nós, o quanto o contato fÃsico é, de fato, o que há de mais precioso nas relações humanas. As notÃcias que correm no feed não alimentam muito nossas esperanças. Nada mais parece agradar aos olhos ou ao coração.
Talvez esses tempos turvos não sejam curtos. Tudo está aà para desencorajar a nossa insistência em crer em dias melhores. Tudo. Mas, lembram do olhar resistente dos resilientes? É com ele que devemos contemplar a palavra Coragem.
A gente não pode desistir. Você ouviu bem?