Escrever é como tomar um banho, torcer uma roupa, cortar a grama do jardim. É polir um móvel, tirar o pó dos livros, lavar a calçada. É varrer a alma de tal forma que tudo se acalme e fique com cheiro de lavanda. Escrever não exige dicionário ao lado, palavras forçadas e muito menos sentimentos inexistentes. Exige apenas um papel e uma caneta, ou mesmo as teclas de uma máquina, e muito, muito o que dizer. Escrever é tirar a espuma do cabelo. É o chuviscar de uma nuvem. É simples. Não precisa de rituais e nem falsas verdades. É tão espontâneo quanto sorrir. Engana-se quem pensa que escrever é com a mente. O coração está muito mais presente no ato. Já que, com ele vazio, as palavras são apenas letras costuradas; Não fazem sentido. Até é possível entender, interpretar, ler. Mas não emocionam, não acrescentam e nem mudam pessoas. Um texto sem sentimento nunca semeará sentimentalismo. E é por isso que os poemas modernistas foram mal interpretados: As palavras não faziam sentido, apenas o que era expressado fazia. Da mesma forma, as notícias dos jornais não nos fazem chorar ou morrer de alegria. São lidos da mesma forma como foram escritos: De forma imparcial. Quem escreve com a mente, nunca atingirá um coração.

Rio-Doce