Nós vendemos nossos sorrisos como se fôssemos estrelas de cinema. Bebemos da hipocrisia que deram de presente para nós. Eles nunca foram nossos amigos, porém sempre fomos cativos deles. Só temos 17 anos e nos tornamos alienados pela mensagem que eles desejavam. Gritamos em protestos que eles articularam. A desculpa de que estavam fazendo o melhor para nós serviu como coleira, caso passássemos dos limites, seríamos enforcados. Você não sabe o que é ter 17 anos e se sentir um sem teto numa sociedade coberta por tetos que convertem luz solar em energia. Não é apenas mais uma noite de sábado hoje, é mais um dia de semana onde tentamos enganar a todos com nossa simpatia falsificada para agradar e encantar os ouvintes com nosso discurso politicamente correto. Nós queremos queimar tudo ao nosso redor, mas eles insistem em que devemos brilhar. Nós desejamos queimar, entrar em combustão, mas eles só querem fogos de artifício. Eles querem resultados, nós queremos luta e guerra. Nós somos o paralelo entre os jogos capitalistas de sedução e autoridade. Nós somos o fogo, mas ainda não fomos descobertos. Nós só queremos brincar e aproveitar a batida enquanto nossos corações se beijam nessa música chiclete e descartável. Não nos importamos com o amanhã, mas já nos vemos daqui a 50 anos. Somos só o fruto de uma sociedade que não se importa com seus filhos, para eles, somos apenas produtos. O que eles não esperam é que nos tornamos radioativos com todas as sujeiras e artimanhas deles.
Vinícius Canário