Papai; penso no quanto é difícil te fazer um poema...
Pois vejo que tua vida; “Foi um poema difícil de escrever.”
Lembro-me dos calos nas mãos que contavam histórias de enxada, concreto, carteiros floridos...
Lembro-me dos seus traços no rosto que contavam histórias de um passado de lutas e sacrifícios; que antes eu não entendia...
Lembro-me dos calos nos joelhos, que contavam histórias humildes de horas silenciosas, conversadas com Deus...
Lembro-me das rugas da fronte que falavam das rugas da alma como sulcos da terra que as chuvas abriram...
Lembro-me dos pés cansados, rasgados por espinhos que eu não vi...
Lembro-me do calor brilhante do seu coração que sempre me amou desde quando eu não sabia o que era amar...
Lembro-me papai, de quando dormia de olhos abertos pensando em seus filhos que não abriam os olhos...
É tão difícil escrever-te um poema...
Porque sua vida sempre foi o poema mais lindo que nenhum poeta conseguiu escrever.
Papai; Agradeço pela vida e pelo amor que você me deu! “Só não te amou quem com você não viveu!”
Quem sabe um dia a gente vai se encontrar... Eu vou continuar te amando até esse dia chegar!
“Não sei o que é pior; se é ficar órfã de Pai ainda criança, ou curti-lo uma vida inteira pra depois perdê-lo e ter tantas lembranças, sentir tanta falta, tanta saudade.”
Fathima Allves