o extenso e turvo rio
Como algum vidente em transe
Vendo toda a sua miséria
Com o rosto paralisado
Ela olhou para Camelot
E ao fim do dia
Soltou as correntes e se deitou
O amplo rio levou para longe
Lady de Shalott
Ouvindo um hino pesaroso sagrado
Muito alto cantou com voz humilde
E o sangue começou a congelar
Os seus olhos ficaram escuros
Voltados para a elevada Camelot
Antes que com a maré alcançasse
A primeira casa da costa
Ainda cantando morreu
Lady de Shalott
Sob a torre e a sacada
Do muro do jardim e do balcão
Qual vulto cintilante ela flutuou
Pálida morta entre altas casas
O silêncio pairou em Camelot
Ao distante cais todos acorreram
Cavaleiro e burguês lorde e dama
E em volta da proa o seu nome leram
"Lady de Shalott"
Quem é esta? O que faz aqui?
Ali perto ficava o palácio iluminado
E nele cessou o som da real celebração
Os bravos homens tiveram medo
Todos os Cavaleiros de Camelot
Mas Lancelot refletiu por um tempo
E disse "que rosto lindo!
Deus misericordioso, abençoai
Lady de Shalott!"