Apesar de toda a imponência dessas construções, o cotidiano não era
muito agradável, não. "Além de não contar com conveniências como água corrente
ou aquecimento central, o dia-a-dia dos moradores era barulhento e desconfortável",
diz a historiadora britânica Lise Hull, autora do livro Scotland and the Castles
of Glamorgan ("A Escócia e os Castelos de Glamorgan").
Os primeiros castelos surgiram na Europa Ocidental ainda no século 9,
construídos com terra, madeira e camadas de pedras para reforçar a estrutura contra ataques.
O modelo mais conhecido, o das fortificações protegidas por muralhas
e cercadas por fossos alagados, apareceu na França, no século 10.
A arquitetura dos castelos era única: não havia dois iguais, mas a maioria deles
partilhava características comuns, como a existência de um salão,
de aposentos exclusivos para o senhor do castelo, de uma capela e de uma torre para os guardas.
Para a maioria dos moradores, um dia típico começava ao nascer do Sol.
Algumas camareiras dormiam no chão do quarto do senhor e de sua dama,
cuja privacidade era garantida apenas por uma armação de tecidos em volta da cama.
Depois de se vestirem, o senhor e sua família iam ao salão para
tomar um café da manhã regado a pão e queijo, e logo seguiam para a
missa diária na capela. O almoço, servido entre as 10 da manhã e o meio-dia, incluía três
ou quatro pratos principais e podia ser acompanhado por apresentações de malabaristas.
Durante o dia, enquanto o senhor cuidava da administração,
da justiça e da coleta de impostos do feudo, sua esposa tratava da educação dos
filhos e supervisionava camareiras e cozinheiras. À noite,
apenas uma leve refeição - em geral, uma sopa. Alimentados,
os senhores voltavam ao quarto, enquanto os servos se espalhavam
pelo chão do salão ou em câmaras no interior da torre.