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CASTELO DE HIMEJI.
Desfrutando desde 1993 o status de Patrimônio Cultural e Histórico
da Humanidade pela Unesco, o Castelo de Himeji é uma jóia
da arquitetura japonesa, cheia de particularidades e uma história bem interessante.
Em 1580, o Japão estava passando por uma guerra civil, e dois grandes
“daimyõ” (senhores feudais) disputavam a supremacia e o controle do Japão,
dividindo o país entre aqueles que apoiavam Nobunaga Oda ou Ieyasu Tokugawa.

Hideyoshi Toyotomi, um dos líderes militares do clã de Nobunaga Oda,
apossou-se do castelo e promoveu a primeira de uma
série de grandes reformas, visando a construção de um
“moderno” castelo de 3 andares. A morte de Oda em 1582 e
o falecimento de Toyotomi em 1598 deixou caminho aberto para
as ambições de Tokugawa, que após vencer a batalha de Sekigahara
em 1600, tomou o poder no Japão. Assim, em 1601, Tokugawa
deu como prêmio a erumasa Ikeda, um de seus generais e genro,
as províncias de Harima, Bizen e Awaji, que com isso se tornou
o novo senhor do Castelo de Himeji.

Como durante a guerra civil o Castelo de Himeji havia sido
danificado, e sendo sua localização importante para a
defesa do governo do xogunato Tokugawa, Ikeda dedicou-se
a reconstruir o castelo, que ganhou assim a forma que mantém até hoje.

Na reconstrução, Ikeda implantou no Castelo de Himeji detalhes
que modernizaram e melhoraram as características arquitetônicas
e defensivas, que tornaram o complexo do castelo um modelo
exemplar de construção japonesa do período. Na parte mais
central e alta de uma colina, uma enorme base na forma
de trapézio composta por paredes de pedras com inclinações variando
de 30 a 40 graus foi construída para servir de base das
fundações de um castelo de 7 andares, chamado de “daitenshukaku”.
Essa base, além de dificultar a escalada de invasores,
permitia um direcionamento correto da água da chuva
evitando a erosão do terreno e protegia a
estrutura mais alta dos efeitos de um eventual terremoto,
uma vez que as fundações de madeira colocadas na base são maleáveis.

A Garça Branca
O apelido de “Garça Branca” vem não apenas dos elementos decorativos do castelo,
com beirais graciosos e curvos, mas principalmente de suas paredes cobertas com alvenaria branca.
Assim como os demais castelos de sua época, Himeji era feito de madeira,
mas o acabamento em alvenaria,
além de lhe dar o aspecto branco, aumentou a espessura
das paredes e modernizou o castelo ao torná-lo resistente a ataques com armas de fogo

Como o uso de armas de fogo em batalhas começou em 1549,
construções anteriores precisavam ser readaptadas. Calcula-se
que haviam 5 mil pequenos castelos no Japão no século XIV,
mas todos eles se valiam apenas das cercas e do fosso como meio de defesa,
o que se tornou vulnerável com o surgimento das armas de fogo.

Ao redor do castelo em si, uma rede de caminhos cheios de
degraus, murados e tortuosos e com vários portões e torres,
formam um longo labirinto onde até hoje visitantes se perdem.
Por fim, toda a área é rodeada por um muro e um fosso externo,
havendo uma só passagem para entrar ou sair do complexo.


A enorme distância a ser percorrida da entrada do complexo,
as paredes grossas e pequenas janelas no castelo,
nos portões e nas torres revela a preocupação com as “modernas”
armas de fogo da época. Até metade do séc. XVI,
os japoneses usavam um tipo de espingarda primitiva,
cujo diâmetro do cano lembra as atuais bazucas e cujo
acionamento dependia do acendimento de um pavio,
tal qual nos antigos canhões. Enfim, era uma arma pesada,
incômoda, demorada e de pouco alcance.
Isso mudaria com o tempo, com a introdução da trava de mosquete
(a “vovó” do atual sistema de detonação de rifles,
com gatilho e cão), o que deixou as armas de fogo japonesas
mais eficientes e com maior alcance. Aberturas um pouco maiores,
quadradas, no topo das paredes de pedras inclinadas e na base
do prédio principal, eram usadas para atirar pedras em quem
tentasse escalar pelo lado externo. Além disso, várias passagens secretas foram construídas
por todo o complexo, que em caso de ataque permitia que o senhor feudal, sua família, serviçais
e soldados pudessem viver com comida e armas estocadas por um longo período.

Pura Sorte
Mas foi a sorte que deu a Himeji sua característica mais valorizada, que é
seu estado de preservação. Embora o Castelo tenha sido
reconstruído por Ikeda com o mais puro intuito defensivo,
o fato é que desde então ele nunca mais foi danificado por atos de guerra,
nem mesmo durante a 2a.
Guerra Mundial.

A reconstrução do Castelo levou nove anos, de 1601 a
1609, e estima-se que tenha mobilizado 50 mil trabalhadores,
com um custo estimado hoje em mais de 2 bilhões de dólares.

Sendo uma construção única em seu gênero no mundo e
com um grau de preservação que nos permite hoje conhecer um
estilo de vida de 400 anos atrás, o Castelo de Himeji faz jus ao
título de Patrimônio Histórico da Humanidade.




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