Alma Nada Cabocla...
Moça estudada,
em colégio preparada,
lancei pé na estrada,
a vencer poeira, barreiras,
sem me apavorar com asneiras.
Cheia de saudade, precisada,
cheguei áquele recanto,
pleno de encanto, orvalhada.
Transformação rápida, sutil,
olhar perdido, longíquo.
Primitivo mundo. Capim verde,
mato, rio, céu de um azul anil.
Nem casa, nem palhoça,
me esperavam na roça.
Palmeira, abacateiro, limoeiro.
passei, a olhar primeiro.
Perdida no tempo,
muito tempo, o tempo deixou.
Estridente cigarra,
a gritar, me despertou.
Compreendi de imediato,
o que a vida me reservara de fato.
Encarei o real. Ilusão nenhuma.
Angústia, solidão, vazio, medo...
Assobiou o vento, em harmonia,
na boca da noite sombria,
a trazer do jasmineiro o perfume,
clarear simples de um vagalume.
Percebi músicas suaves,
no canto diverso das aves.
Minh´alma o corpo inflamou,
em azul marinho queimou...
Assustada, temerosa,
estremecí de repente,
ouvi sonoridade poderosa,
ausência total de gente.
-Não te ausentes!
Respirar ofegante, involuntário pranto.
Coração a dormir, palpitar inocente.
Sensata, a revelar encerra:
Coragem!
Não Erra!
-Sou a Tua Mãe Terra!
®Ana Maria Marya
02/05/2009
Ita/Ba/Brasil