AUSÊNCIA...
Eu deixarei que morra em mim o desejo de
amar os teus
olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria
terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra
amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra
face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e
tu desabrocharás para
a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui
o grande íntimo
da noite.
Porque eu encostei minha face na face da
noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos
da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono
desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves,
das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz
serenizada.
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