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O meu mundo não é como o dos outros,
quero demais, exijo demais; há em mim
uma sede de infinito, uma angústia constante
que eu nem mesma compreendo, pois estou
longe de ser uma pessoa; sou antes uma
exaltada, com uma alma intensa, violenta,
atormentada, uma alma que não se sente bem
onde está, que tem saudade… sei lá de quê!"
(Florbela Espanca)
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AOS POUCOS
Meu rosto era tão lindo
tão claro, lisinho.
Foi enrugando-se
aos poucos.
Sonhei primavera florida
Vivi intenso verão.
Folha eu fui no outono.
Desintegrei-me aos poucos.
No gélido inverno,
me desfiz em flores e cores.
De mim, restou apenas
a lágrima que rola,
nos olhos de meus amores!
®Verluci Almeida
Direitos Autorais protegidos
pela Lei 9.610 de 19/02/98.
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Sorrindo, às vezes triste e calada, sigo esparramando
doces palavras no papel. Deixo em meus versos, meus
sentimentos, minhas emoções, um pedacinho de meu
coração. (Verluci Almeida)
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SORRIA! Sempre há uma razão para agradecer.
Você anda, você fala, você ouve o canto do passarinho.
Muitos não tiveram a sua sorte. É mais um lindo dia.
- Agradeça! ( Verluci Almeida)
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DESPEDIDA E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perde da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação. Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito. E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho? Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras — com flores e cantos. O inverno — te lembras — nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil. Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus. A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo. ( Rubem Braga ) ![]() |