Mas devora-me sem pressa.
Com a suavidade de ondas banhando a praia.
Ou mesmo com a sofreguidão com que as ondas
dão-se para o oceano, numa dança orgástica,
numa luta desigual para depois se transformarem
em suaves espumas na areia.
Devora-me, amado!
Como a noite a adentrar a madrugada.
Numa suave carícia de cortinas a balançar...
Pelo vento de uma janela aberta.
Numa orgia de sons, de um trovador solitário
A cantar a sua amada.
Devora-me, meu amado.
Pedacinho por pedacinho.
Saboreia-me!
Com tuas mãos me passeia...
Com teus dedos me toca.
E com a tua boca me degusta.
Assim completamente...
Como o céu a adentrar o mar.
Tornando-se um só.
Vera Beaucamp