Não é muito lisonjeiro, para os homens, que tenham me inventado. Se tivessem eles, se mantido de modo digno, nunca necessitariam terem me criado. Agora que assim o fizeram de nada adianta, pois, a mim, apenas se referem como algo amolecido, sem valor e, na maioria das vezes que o fazem, é para acobertar a minha rival, a mentira, a qual passaram a adotar em meu lugar; porém, descarada e dissimuladamente, pois o fazem de modo indireto, sem a nomearem.
Já repararam que cada vez que me pronunciam ou escrevem o meu nome, os homens precisam enfatizar, ajuntando outras palavras, como: “mesmo”, ou “para valer”, e tantas outras? E o pior é que continuam a laborar em suas contumazes mentiras, a despeito de terem me colocado na frente dessas afirmações sublinhadoras.
Para que sirvo eu então, se a cada vez que sou referida não expresso aquilo que realmente sou? E justamente por ser esse fato de domínio público, que passaram a adotar essa sublinhação ou enfatização, a cada vez que recorrem a mim. Isso é o motivo de minha vergonha; está mesmo insuportável. Se, por exemplo, usam-me para declarar que estão promovendo uma liquidação de artigos de uma loja qualquer, já me fazem ser acompanhada pelas indefectíveis palavras que tentam dar, a mim, o valor que realmente possuo. Não é um motivo para se envergonhar?
Reparem nos cartazes, eles dizem: “liquidação, de verdade!”, ou acrescentam: “mesmo!”.
Em outras ocasiões, vêem-se afirmações como, “mel puro; de verdade”, “podem confiar”. E, por vezes, podem me encontrar em anúncios que dizem, “esse é mesmo verdadeiro...”.
Sєjαм Bєм-Viηdσs!!!
•─────““:.>ﻺﻍFr@nﻺﻍ<.:““─────•