Autor: J.R.R. Tolkien
Editora: Martins Fontes
Nas duas primeiras partes do livro, Ainulindalë e Valaquenta, somos apresentados a Eru Ilúvatar, o deus que criou o mundo e os poderes que nele habitam, os chamados Valar e Maiar, que seriam como deuses de menor poder e semideuses, que seguem o plano de Eru.
Depois disso, começa a parte mais extensa e que constitui o ponto principal do livro: Quenta Silmarillion. Os Valar passaram a construir o mundo e o mais poderoso deles, Melkor, foi corrompido pelo ciúme e pela inveja, destruindo a criação dos outros. Assim, os Valar deixam Melkor na Terra Média e partem para Valinor, onde permanecem até descobrirem que os elfos nasceram na Terra Média. Partem então para lá, a fim de trazer os elfos até Valinor. Porém, apenas um grupo desse povo os acompanha.
Já em Valinor, os elfos constroem seus lares e nasce Fëanor, o mais hábil dos elfos, que produz as Silmarils, três gemas de valor inestimável e beleza incomparável a partir das luzes de duas árvores sagradas. Essas pedras são cobiçadas por Melkor, que arma uma cilada e as rouba, fugindo para a Terra Média, do outro lado do mar, onde tem sua fortaleza.
Na busca por essas pedras, Fëanor, seus filhos e muitos de seus parentes e membros de seu povo vão atrás de Melkor para recuperar as joias e disso resultam grandes males, pois Melkor fez com que os elfos duvidassem dos outros Valar e, por isso, seu povo foi amaldiçoado.
Assim são relatados todos os feitos para tentar recuperar as Silmarils, que envolvem longos anos e se entrelaçam com a guerra dos elfos contra Melkor, com o surgimento dos homens mortais e seus destinos.
A quarta parte é chamada Akallabêth e relata como se desenvolveu a nação de Númenor, uma terra de homens mortais que descendiam da união de elfos e homens. Com uma longevidade maior que a dos outros homens e a amizade dos elfos, eles constroem uma nação magnífica, mas atraem a inveja de Sauron, o servo de Melkor, que os conduz à sua queda.
Na última parte, intitulada Dos Anéis de Poder e da Terceira Era, temos uma explicação sobre a forjadura dos anéis que geraram a saga de O Senhor dos Anéis.
Aliás, como pode ser perceptível desde o início da resenha, O Silmarillion não é exatamente um livro para quem não está familiarizado com a escrita desse autor. Isso porque nele temos muitos personagens, nomes e lugares nos sendo mencionados e para um leitor de primeira viagem, pode não ser muito convidativo e parecer confuso. Bom mesmo é começar a conhecer o universo de Tolkien por O Hobbit ou O Senhor dos Anéis e depois, surgindo o interesse, buscar esse.
A escrita é impecável, a tradução bem feita e a publicação pela Martins Fontes corresponde a essa qualidade. Tolkien é um autor único que conseguiu reunir diversos elementos de história e mitologia e criar um mundo novo e complexo a partir disso, com seus próprios mapas, geografia, idiomas, povos e culturas. E O Silmarillion só serve para reforçar ainda mais a qualidade da escrita do autor britânico.