Hoje o Nelson, um menininho de 11 anos, com aparência e olhar de 9, do Mej, Grupo de Evangelização ao qual pertenço, na minha Igreja, morador no Morro da Cachoeirinha, me perguntou:
-Tia Val, você tem Internet?
-Tenho, sim, Nelson.
-Tia Val, “virtual” é a mesma coisa que “internet”?
-Nelson, Internet é um local no computador onde podemos ver e ouvir muitas coisas, notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar, aprender. Tem de tudo no mundo virtual.
-Então, internet quer dizer virtual?
-Nelson, se liga: virtual é um local que imaginamos, algo que não podemos pegar ou tocar. É lá que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer. Criamos nossas fantasias, transformamos o mundo quase como queríamos que fosse.
-Ei, tia Val...Também vivo neste mundo virtual.
-Ué, Nelson, você tem computador??
-Não, tia Val, mas meu mundo também é deste jeito...virtual. Minha mãe fica todo dia fora, só chega muito tarde, quase não a vejo, eu fico cuidando do meu irmão pequeno, o Wladimir, que vive chorando de fome e eu dou água para ele pensar que é sopa. Minha irmã mais velha sai todo dia. Diz que vai vender o corpo, mas não entendo, pois ela sempre volta com o corpo. Meu pai está na cadeia há um tempão, mas sempre imagino nossa família toda junta em casa, muita comida, muitos brinquedos, e eu indo ao colégio para virar médico um dia. Isso é VIRTUAL, né, tia Val?
Não respondi...
Naquele instante tive a maior prova do virtualismo insensato em que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel nos rodeia de verdade e fazemos de conta que não percebemos.
Deus o abençoe, menino Nelson!!!
(Foto antiga, do ano passado. NELSON é o "mais moreninho" (chamo-o de "Meu MARRONZINHO" querido!!), que está na frente, quase pertinho de mim.)
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