O problema é que a gente...
... A gente acostuma a ir dormir tarde e acordar cedo, sair de casa sem tomar café da manhã, deixar o sonho para depois, e depois, e depois, ler o livro no carro porque não pode se perder aquele tempo, comer comida congelada porque está com preguiça, deitar a tarde e dormir com a justificativa de que está muito cansado, esquecendo de viver o dia, o dia, a gente se acomoda a nem olhar mais para o céu, que por sinal tem estado lindo. A gente acostuma a ver pessoas discutindo e brigando e por acostumar,aceitamos aquelas situações, e aceitando, aceitamos também o acúmulo de estresse, e aceitando o acúmulo, aceitamos a não acreditar mais na harmonia, na paz. A gente se acomoda a, ligar a televisão e ver comercial, ir ao cinema e observar publicidade, ser induzido, e convidado ao mundo do comercio, e aí se vai o dinheiro da viagem, a gente acostuma a pagar contas de coisas desnecessárias, e deixar de lado o lazer.
Acostumamos a viver sem tal pessoa e ter qualquer um para curar a carência, sexo sem amor, a tristeza sem muita dor, o problema é que as coisas mais extraordinárias que a gente faz por alguém são esquecidas, as pessoas acostumam com a ideia de que você morreu por amor, chorou por amor, sofreu, sorriu, e aí elas convivem com isso naturalmente, a ponto de esquecerem.
A gente acostuma, mesmo que não deveríamos! Acostumamos a substituir as pessoas, fechar os ferimentos que uma deixou com outra, e aí, já se sabe(...) Ficamos com aquele alguém e pela convivência, achamos que o amor brotou, brotou nada. E para não ficar sozinho, melhor encarar de vez aquele relacionamento, logo acredita que aquela é a única e mais perfeita pessoa do mundo, que não existiria melhor para nós, e a medida que se acostuma, o amor vai virando amizade, irmandade, e esquecemos o que é amar. A gente acostuma porque assim é mais fácil, para poupar tempo, paciência, estresse, lágrimas e por isso, esquecemos que o melhor da vida, está nos pequenos estragos que possuem como consequencia os sorrisos mais lindos, mas para poupar a vida, preferimos nem arriscar, a gente não deveria, mas(...)
E sabe o que eu acho, acho que não quero me acostumar, e se por um acaso me ver na mesma rotina me avise, porque sem que vejamos, a gente acostuma, e então fica tarde demais. É por isso que me prendo ao ligeiro tremor do coração, a pontinha de esperança, a ser conduzida, desnorteada, lançada na infindável catarata da emoção, do amor, e ainda que vire ilusão, eu prefiro, porque pior mesmo é acostumar. Não vale a pena deixar de sentir o mundo acabando e delirar na loucura de um toque, um toque na pele, pelas suas mãos, não vale a pena estar programado na mesma sequência, dia a dia, porque eu ainda sou feita de carne, e a carne gosta de falar mais alto.