Madrugada amante
A madrugada passeia pela sala
Pele franzida pelo vento molhado
Que entra sem ser convidado
E soprando em meu rosto se cala.
As luzes do poste da minha rua deserta
A mesma que invade meus momentos
Refletem gotas de luz espalhadas pelo vento
Faz a chuva colorida vista pela porta aberta.
Um silencio enorme e envolvente me abraça
Como quem conforta seu melhor amigo
Que por longos anos foi sua paz e abrigo
Vendo-me muitas vezes só através da vidraça.
Ouço o relógio valente na batidas repetidas
Como o sonhador que acredita na vitória
Como um perdedor esperando pela glória
Como um coração que ainda pulsa com vida.
Tens aos pés os poetas, amantes, boemios e fãs
Senhora do mistério, a princesa trajada a rigor
Como quem vai pro baile e brinca de fazer amor
Mulher vestida de negro e de noites sem manhãs.
Josué Basílio Oliveira