







A Rosa e o Jardineiro
Num passeio, convidando a meditar,
o céu tingia-se de vermelho naquela tarde de verão.
Foi quando o jardineiro a roseira avistou,
no terreno abandonado, a chorar,
prostrada no chão.
De joelhos, tocando-a com cuidado, ternamente,
por muito tempo ali ficou.
Acariciando os frágeis galhos da plantinha doente,
temendo machucá-la ainda mais, 
pouco se importando com os próprios ais
nos ferimentos dos espinhos em suas mãos calejadas.
galhos torcidos, folhas arrancadas, flores esmagadas...
O que poderia fazer por aquela flor?
Cavou ao redor, colocou terra fértil e muito amor.
Buscou água, arrancou ervas daninhas, cantando modinhas.
E voltou no outro dia, e na manhã seguinte outra vez.
Toda manhã ia levar um sorriso à sua plantinha.
Ao meio-dia, à tardinha, de noite e na madrugada.
Havia ali o esplendor de alma apaixonada,
a da roseira e de seu protetor.
Ela, exuberante, o esperava sempre com a mais linda flor.
Para ofertar ao seu amante, 
o perfume mais inebriante 
buscava na essência de seu amor.
Do vermelho do céu, toda tarde roubava a cor,
emprestando do luar a suavidade para as pétalas aveludar, 
até os espinhos, gostaria de arrancar... 
e trocaram juras de amor, brincando de eternidade,
sonharam juntos correr o mundo, jurando fidelidade.
Mas eles sabiam, ela estava plantada naquele chão.
Era ali que suas raízes aprofundaram para a vida sustentar.
Então, fingindo eternidade, antevendo a saudade,
passavam horas a rir, contar histórias, cantar e amar...
Na ternura daquele encontro, a força do amor.
O bálsamo pra suas dores no perfume que os envolvia, 
E no silêncio daquele olhar o mundo desaparecia.
Assim, vinha o jardineiro, 
a cada dia, 
inverno ou verão,
cuidar de sua flor, 
seu amor, 
sua paixão.
Lídia Sirena Vandresen














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