Vê amor,
a vida se esgarça em fios lentos
o meu tempo, o teu
em desalinho, precipício
já não sei onde piso,
mas ainda te pertenço
ventre, mãos, olhos desfeitos
de tanto exílio.
Vê amor,
que outras palavras diria
se soubesse o que mais dizer
além do que tua alma pressente?
Que dialeto haverá, novo
de dúvidas outras e belas?
(o pulsar da cor em teus olhos talvez,
quando o sol nos encontrar,
de felicidade, despertos).
Quanto de minhas veias hei de abrir
para que fluas em mim,
vida enfim?
(à ausência da flor levíssima do teu amor
desvaneço-me, extinta).
Saramar Mendes