A solidão em mim
Sinto-me só quando morro todo dia sem compreender o mal que há nos puros.
Quando me volto ao começo e encontro o mesmo fim.
Quando tudo quanto tenho é o que não quero de mim.
Sinto-me só quando me calo perante o injusto e cruel, e acabo por acreditar que ele está certo, porque nunca cresceu, porque antes de nascer, morreu, porque ele mente ao viver!
Sinto-me só quando tenho que voltar pra casa e percebo não ter asas pra fugir para meu mundo,quando sinto que no fundo o poço ta cheio de fim e o fim ta cheio de poço e quero ouvir não ouço,e quero ser não posso, o que posso não mereço, o que era começo e meio,
e inalterável e feio, é ainda e sempre,
E a casa transborda de ilhas e as filhas do rei não se sentam a mesa, nem fiam seus desejos, selam com beijos sonoros os ruídos lá da fabrica de tristezas, que sempre abre ás seis horas e que me mostra que chora por meu muito acreditar
E duvidar de mim e dos sonhos que moram em mim e dos silêncios que gritam dentro de mim,
E das pessoas que amei e dos erros que perdoei ,dos erros que não errei, do alheio que não desejei, da morte que me matei!
Eu me sinto só quando querem meu corpo sem ouvir minha alma!
Sinto-me só quando não há mais ninguém, ninguém, nada!
Quando roubam minha calma ,minha lágrima sagrada,
Secada !
E a espada do anjo invisível no patamar da desgraça!
Lambuzado de sangue inocente, sujo de gente ruim e disforme,
Gente indiferente!
Gente?
Onde estará minha gente?
Sinto-me só quando não posso mais ser tão só dentro mim.
Quando minha prece volta muda em soluços e Deus nem me dos ouvidos.
É solidão de ouvir os risos ansiosos, precisos, solidão de quem compreende,
Aquiesci!
Então subo a escada do abismo... E cismo em subir!
É uma escada subindo pra lugar nenhum!Uma porta de abrindo pro nada!
Solidão de quem poderia morrer?
Não posso!
Quero que vivam os que me são caros,quero que acreditem nas coisas que duvido,quero que não morram como eu vivo!

Claudia Morett