A MOÇA DA VARANDA








E lá estava ela na varanda. Todo dia era assim: Eu passava e fazia um gesto de cumprimento para ela.
Mas não obtinha resposta. Eu sofria com isso, pois tinha me apaixonado pela sua bela imagem. De longe eu podia ver e avaliar a sua beleza e, também, sentir que ela era triste.

Que vontade que eu sentia de chegar perto dela e lhe falar da minha vontade de fazer qualquer coisa, que preciso fosse, para acabar com a sua tristeza.
E, também com gestos, eu perguntava se podia me aproximar, para conversarmos e não recebia resposta
.
As vezes. Ela olhava para mim. Eu sentia o seu olhar em minha direção, mas ela parecia ser tímida, não me fitava nos olhos.

Todo dia eu chegava triste em casa por não ter conseguido uma aproximação com a minha amada e, ao dormir, ela aparecia para mim, em meus pensamentos, sorrindo e correspondendo às minhas palavras de carinho e eu tinha feito uma lista enorme de palavras carinhosas para ela.

Palavras carinhosas, que ela só recebia em meus sonhos.
E, em meus sonhos, somente em meus sonhos eu era feliz, pois convivia com ela.

Um dia, quando eu passava em frente à sua varanda, lá, estava ela, porém de costas para o portão. Para lhe chamar a atenção, não sabendo o seu nome eu falei, mais ou menos, como se gritando : “ Hei! Olhe pra cá, por favor. Eu quero falar com você.”

E ela, olhando em minha direção, com um olhar vazio, como se não estivesse me vendo, levantou-se, bruscamente e entrou, batendo a porta com força.. Pasmem! Bateu a porta na “minha cara.”

O que foi que eu fiz, Meu Deus, para ela me tratar assim?
Será que ela entendeu o quanto eu amava e, por achar que eu não era digno do seu amor se ofendeu por isso?

Naquela noite eu não consegui dormir para sonhar com ela, mas ela, à noite inteira permaneceu em meus pensamentos. Eu não tive sonhos. Mas, mesmo acordado, o pesadelo do que tinha me acontecido, me angustiou pela noite inteira.

Levantei mau humorado e triste, resolvido a falar com ela, de qualquer maneira. Ela teria que me ouvir. Eu entraria pelo seu portão e, sem dar tempo dela fugir, a prenderia entre os meus braços e, beijando-a, lhe falaria do meu amor.
Eu esta louco, obsecado por ela.

No dia seguinte, atravessando a cidade, como sempre fazia, cheguei a casa do objeto da minha loucura.
Que decepção! Elça não estava na varanda. Então resolvi aguardar.

Por muito tempo esperei. Até que alguém veio perguntar o que eu queria daquela casa.
Depois que eu respondi que eu queria falar com a moça que, todos os dias, àquela hora, ficava na varanda.

E a tal pessoa, involuntariamente, me lançou num mundde remorso e desespero, ao dizer que “ a moça era cardíaca e cega. Alguém a assustara. Não podia passar por sustos ou se locomover com rapidez. Não resistiu ao susto e ao esforço e morreu.