VINTE E CINCO DE DEZEMBRO, DIA INTERNACIONAL DA INGRATIDÃO

[ Crônica escrita em 26 de dezembro de 2008]





A criança nasceu e ninguem percebeu.
Ah! Se eu pudesse falar para toda essa gente desse acontecimento! Mas todos estão tão indiferentes ao que nessa data aconteceu. Todos estão comemorando, mas não lembram o quê.
Trocam presentes. Falam de amor e paz. Porém fingem não saber o porquê da comemoração.

Eu vejo à minha frente, luzes coloridas que cintilam e pontos multicores que se alternam em luz. É um bar. Com dificuldades, devido a muralha de bêbados, na entrada, consigo adentrar no grande salão.

A fumaça dos cigarros, poluindo, quase me faz chorar, pela irritação que causam em meus olhos. Sons de gargalhadas e, em altos brados, até palavrões. E, nas mesas, copos de bebidas são consumidos por ingratos seres, que deveriam estar nas igrejas ou nas suas casas, comemorando esse dia com orações.

Procuro entender o que as pessoas dizem: Feliz Natal! Muita saúde! Muito dinheiro! Obrigado, gostei do presente! Muita fartura! ...
E, assim, de pessoa em pessoa, eu vou pesquizando, tentando captar o que dizem e, por incrivel que pareça, ninguem fala nessa criança que nessa data nasceu. Só se desejam saúde, presentes e dinheiro.

Que ingratos! Ninguem fala no Menino Jesus.
Me sinto sozinho e me entristeço por saber que eles ignoram que, nessa data, se comemora o nascimento do Menino Deus. Trocam votos de felicidades, comemorando, mas não sabem, ou fingem não saber, o quê.

E, lá fora, onde eu estava, à pouco, só vi tristezas: Os meninos pobres, chamados de “pivetes,” por essa sociedade hipocrita, “porca” e inconsequente, mendigando um pedaço de pão, escorraçados como se bicho fossem, esquecidos da sua condição de irmão.

Eu vi, também, o desmpregado, desesperado, sem saber o que fazer para matar a fome de seus entes queridos. E os seus filhos que não vão ganhar presentes? Será que, quando ele chegar em casa não irão perguntar sobre os seus brinquedos?

E pensar que a criança nasceu para nos mostrar o quanto somos iguais!
Que contraste! Na elite dessa sociedade “porca”, só felicidade e, entre os pobres, só revolta por se sentirem discriminados e desprezados.

Miséria, conjunto de “trastes” vilipendiados, esquecidos e abandonados pela sociedade´espiritualmente, podre.!
Pobres vítimas deste ingrato, hipócrita e asqueroso mundo!
Muitos se fartam, esbanjando o que tem, enquanto que a outros, que em miséria vivem, são negadas as migalhas que caem da mesa ao chão.

E a criança nasceu para espalhar a bondade entre nós.
Ninguem percebeu?
E essa gente [?] fala de amor e paz. Palavras decoradas mas, jamais, sentidas.

VINTE E CINCO DE DEZEMBRO, DIA INTERNACIONAL DA INGRATIDÃO!