Semana passada ouvi falar que você está saindo com aquela vizinha
gostosa que você tem e que meus amigos já pegaram e falaram que é ótima
de cama. Talvez é disso que você precise, não tô falando de uma alguém
boa de cama, ou uma vizinha gostosa. Tô falando de alguém mais fácil de
lidar e de abrir as pernas. Alguém que não pergunte tanto, alguém que
alguns dos teus amigos tenha pegado e possa contar as experiências e do
que ela não gosta. Uma gostosa pra você sair exibindo por ai como se
fosse um troféu e pra quando passar por mim poder esfregar na minha
cara: “tô comendo a gostosa aqui”. E eu posso me gabar do que? Continuo
péssima em matemática, ainda não sei tocar violão assim como não sei
como tocar minha vida pra frente e dar um rumo nela. Continuo péssima em
continuar dietas e acho até que ganhei um peso. Não terminei de ler um
livro por pura falta de vontade de entender como decifrar as pessoas e
os personagens. Eu gosto do eterno mistério das coisas e das pessoas,
não quero as entender pois tenho medo de depois de começar a entender
tudo, tudo se tornar sem graça. Enquanto você tá com a gostosa, eu to
com a gostosa da solidão aqui, me puxando pro abismo. Enquanto você à
leva pras festas agitadas no centro da cidade, eu me sinto agitada por
dentro, uma agitação que parece mais uma eterna desordem. Enquanto ela
te beija, te abraça e te toca, eu lembro, relembro e me surpreendo com o
passado. Enquanto ela te faz aprender a gostar das músicas que você
odeia, eu escuto as que você me ensinou a gostar… Mas enquanto ela tá
com você na cama, você tá comigo no coração.