Marcio Gilson Schmidt, meu amigo
de fé, meu irmão camarada,
morto em acidente de transito.
(Incrível mano, fazem 23 anos e até hoje luto
com esta tua ausência, nossos amigos ainda
são os mesmos, uns partiram sim, mas as
tuas raízes ficaram, obrigado mano...
Queria eu, hoje uma estrada deserta
para correr de carro... voltar a sentir
a nossa adrenalina...)
Para minha madrinha Joana Schmidt,
morta de choque elétrico, ao cortar grama.
Para minha tia Flávia Schmidt, assassinada
em sua casa, por ladrões mesquinhos.
Para meu primo Dr. Vitor Hugo Schmidt,
que insatisfeito e perdido, tirou a própria vida.
Para meu amigo Nelson, eu disse, moto é perigosa.
Enfim para todas as pessoas que foram
ceifadas de nossa vida.
.
O NASCER PARA O ALÉM...
Há quem morra todos os dias.
Morre no orgulho, na ignorância,
na fraqueza.
Morre um dia, mas nasce outro.
Morre a semente, mas nasce a flor.
Morre o homem para o mundo,
mas nasce para Deus.
Assim, em toda morte, deve haver
uma nova vida.
Esta é a esperança do ser humano
que crê em Deus.
Triste é ver gente morrendo por antecipação...
De desgosto, de tristeza, de solidão.
Pessoas fumando, bebendo,
acabando com a vida.
Essa gente empurrando a vida.
Gritando, perdendo-se.
Gente que vai morrendo um pouco,
a cada dia que passa.
E a lembrança de nossos mortos,
despertando, em nós, o desejo de
abraçá-los outra vez.
Essa vontade de rasgar o infinito
para descobri-los.
De retroceder no tempo e segurar a vida.
Ausência: - porque não há formas para se tocar.
Presença: - porque se pode sentir.
Essa lágrima cristalizada, distante e intocável.
Essa saudade machucando o coração.
Esse infinito rolando sobre a nossa pequenez.
Esse céu azul e misterioso.
Ah!
Aqueles que já partiram!
Aqueles que viveram entre nós.
Que encheram de sorrisos e de paz
a nossa vida.
Foram para o além deixando este
vazio inconsolável.
Que a gente, às vezes, disfarça para esquecer.
Deles guardamos até os mais simples gestos.
Sentimos, quando mergulhados em oração,
o ruído de seus passos e o som de suas vozes.
A lembrança dos dias alegres.
Daquela mão nos amparando.
Daquela lágrima que vimos correr.
Da vontade de ficar quando era hora de partir.
Essa vontade de rever aquele rosto.
Esse arrependimento de não ter dado
maiores alegrias.
Essa prece que diz tudo.
Esse soluço que morre na garganta...
E...
Há tanta gente morrendo a cada dia,
sem partir.
Esta saudade do tamanho do infinito
caindo sobre nós.
Esta lembrança dos que já foram para
a eternidade.
Meu Deus!
Que ausência tão cheia de presença!
Que morte tão cheia de esperança e de vida!
Texto: Padre Juca
Adaptação: Sandra Zilio
.