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POEMA DE PRIMAVERA

Metamorfose dos encantos
Encaixe dos sentimentos
Delicadezas se ondulam em flores
Nas asas da imaginação
Seu sorriso, meu disfarce
Me perco no equinócio do seu florescer
Num canto bem adubado do meu coração
Outra semente germina
Pulula em vida pós-inverno
De begônias e hortênsias
Ornando meu caminhar.
Quem hibernou, involuntário
Ao saltar para a primavera
Encontra suave brisa
A refrescar a tez acalorada febrilmente.
Enfim vitória de uma semente
É primavera chegando
A esperança renascendo
O colorido tingindo
O caminho do passante
Desencasula... para a vida
Desacrisola... para a maturidade
As forças da natureza me deixam e êxtase
Momento de recomeçar
Floreça em mim a primavera de minh"alma
As lágrimas transformem-se em suave brisa
Ou num orvalho manso a regar meu coração...
Estação das flores dentro de mim,
Reaja ao inverno sequioso dos sonhos meus
E brotem novos sonhos
Novas forças,
Nova vontade de sonhar.
Caminho lentamente, mas com firmeza
Esqueço o que doeu
Apago o traço da dor
Aborto a palavra saudade
Construo ruas de felicidade
Onde dançarei a dança da paz
Com o arco-iris a brincar
Ao vento vão os pensamentos
Novos sonhos, novos alentos
O tempo... ah, o tempo! Meu íntimo confidente,
A primavera me trouxe.
Um dia novo está surgindo
Um sonho novo me envolve
Vida nova...
Saúde...
Paz...
Enfim, a primavera me beija a face.

Alice Poltronieri


Morada da poesia...




Ainda não sabia de poesia...
E seus olhinhos percorriam a fantasia.
Tudo podia...
Estar aqui ou alcançar estrelas...
e sem nenhum esforço, conseguir detê-las...



Ainda não sabia de poesia...
E de seus passos, a mais linda coreografia...
De sua alma, a expressão que traduzia
naquela dança, a vida que em si surgia...



Ainda não sabia de poesia...
Fixava seus olhos no desabrochar da flor.
E a via pequena, gigante, de toda cor...
Nenhuma outra magia a tiraria desse torpor...



Ainda não sabia de poesia...
Seus pés descalços na água do mar
transformavam sal em açúcar;
E as ondas brancas, golfadas de algodão-doce,
batizavam seu corpo de menina e moça.



Percebeu a poesia...
Ao descobrir o descompasso de seu coração;
Pulsações irreverentes, batidas diferentes,
e no papel
registrou o que sentia...



Sentiu a poesia...
Descobriu sua morada...
Por todos os cantos, recantos,
encantos e desencantos...
Viu-se cercada...



E a poesia mora
na lágrima que rola,
no sorriso que esconde a dor,
no riso anunciando amor...
No botão que se transforma em flor...



Ela está por toda a parte...
Basta apenas perceber
e do estado latente,
fazê-la acontecer.



Carmen Lúcia




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