♥♥...♥ MINHA AQUARELA ♥...♥♥
O pedaço virgem de papel
ou uma tela
só não é mais "qualquer"
porque já defini minha aquarela...
Tem nome e certo é o destino.
Eu mesma assino,
embora estejam ausentes
os retoques finais...
História nada comum
para os velhos Anais.
Tingi meu céu de azul
mas alguém o retocou de lilás.
Cobri minhas flores
de todas as cores
mas era tanta a ânsia por beleza
que acabei por ferir
a própria Natureza.
Tentei um acerto
mas atos impensados
não têm conserto....
Acabei por macular
o simples, o singular.
Na euforia do contraste
o brilho me foi amigo.
Tropecei com ele
e ele chorou comigo.
O tempo, agente interferente,
foi conseqüente:
insinuou o opaco
bem mansamente.
Tela envelhecida
tem mais valor
desde que, com cuidado
se evite o bolor...
Eis a aquarela!
Encontro-me todinha nela.
Penso que esqueci as retas.
Eu as projetei
mas não as vejo.
Perderam-se em perspectivas vãs.
Não era esse o meu desejo.
Obra exposta!
Da vida, apenas amostra.
Cleide Canton