NA ESQUINA FALTOU-ME VOCÊ
Numa esquina de uma rua qualquer,
sento-me e releio-me buscando respostas.
O desejo é enorme em fugir.
Sinto que a vida me nega o direito à sorte.
Como eu era feliz quando conseguia sorrir!
Como um desvairado e desequilibrado
ser humano, queria ser feliz
nem que fosse por apenas um momento.
Seria ingratidão?
Seria assim a vida tão ingrata,
ou seria eu ingrato com a vida?
Procuro respostas.
A solidão é minha pelo vazio do dia
mesmo com tantos à minha volta.
Naquele instante precisei tanto de alguém!
Alguém que me estendesse a mão
e se dispusesse a me dizer:
"Não se preocupe, estou aqui!"
Faltou-me esse alguém. Faltou-me você!
O vazio persiste e, cruel, não desiste
de tentar-me à fuga ou à morte.
Por certo a sorte não me abandonou.
Teria sido eu a ignorar a sorte?
Vazio. Esquina. Vida no ar.
Procuro respostas e elas não vêm.
Um grito abafado me deixo soltar.
Não há ninguém para me socorrer!
Na solidão da esquina, faltou-me alguém.
Faltou-me você!
_Marco Motta_