Memórias de pedra e cal
Depois da entrega na guerra, o que me resta:
Um solo árido para plantar amores.
Sinto a dor mais grave,
Como uma espada a enfiar
Seu incisivo metal em minha carne fria e nua.
Pouco a pouco se esvai o meu espírito.
Faço aqui meu último pedido:
Retenha inteiramente em meu peito
Esta tamanha e incontrolável vasca,
Ó poeta insano das noites tenebrosas!
Algumas pás de terra e uma existência esquecida.
E sei que nem pranto haverá
Sobre o pó que me cobre o corpo extenuado.
Restarão do poeta apenas
Fúnebres memórias de pedra e cal.
(Marcos Fernandes)