À noite, a luz da lua, Selene,
que no alto balança e gira
Nas asas de um anjo noturno,
reflexo da minha estrela,
entra pela janela, nua
em busca do meu beijo.
Procuro me distrair e distraído,
não vejo seu olhar argento
que, em tons pastéis, arrebata
o mais humilde dos seres.
Nem penso mais no passado.
Hoje sou novas cores
E sinto a sua alma,
com novos sabores
que me levam a outros desejos.
Uma força mais bruta que eu
E mesmo que a gravidade
Me empurra mais pra perto
Meu riso hoje é assim
meio mar, meio deserto,
e minha voz mais azul, decerto.
Tento saber por fim
se um dia vou te-la perto.
Guardo na memória os retalhos
de uma saudade atual,
presente, quente e eloqüente.
Há tempos não sonho mais
nem deixo a esperança brotar.
Só busco um abrigo seguro
Que me mantenha aquecido.
Helio Jenné