Quando sua palavra era um bofetão, eu nem andava Quando andei, foi pelas ruas feito doida, sem chegar Quando cheguei, pensei ser tarde Sempre é tarde, há uma corrida contra o tempo E o tempo vence qualquer sonho Mas será isso verdade? Eu que passei anos, trancada à porta e o refúgio era um espanto, Danei a andar... Disseram-me que a verdade não existe, e logo eu, que andava rastreando. Fiquei confusa Verdade existe, só não A verdade Tudo num simples artigo indefinido Formo outra e o movimento que é o contrário da paralisia, também paralisa. Se está na voz do outro, que de mim sabe quireras, consome parcelas Perco contornos, desfaço adornos, quebro espelhos e espelhos Onde estás? Dentro de mim parte algo Se também sou palavra, também sou Outro.
Anna Amorim,